Uma pesquisa realizada pela Quaest entre os dias 3 e 16 de julho de 2025 revelou que 94% dos brasileiros afirmam ter sentido algum efeito das mudanças climáticas, enquanto 3% disseram não ter percebido impactos e outros 3% não souberam ou preferiram não responder. O levantamento ouviu duas mil pessoas com 16 anos ou mais e tem margem de erro de dois pontos percentuais.

O estudo foi divulgado às vésperas da 30ª Conferência das Partes da ONU (COP30), que será sediada em Belém (PA) entre 10 e 21 de novembro — a primeira vez que o evento acontece na Amazônia. A conferência reunirá líderes mundiais para debater políticas e compromissos de enfrentamento à crise climática.

De acordo com a diretora de Sustentabilidade da Quaest, Marina Siqueira, o resultado reflete um alto nível de consciência ambiental entre os brasileiros. “Eles já sentem os efeitos, reconhecem as causas e demonstram preocupação”, destacou.

Essa percepção é acompanhada de um elevado grau de inquietação: três em cada quatro brasileiros afirmam estar preocupados com as mudanças climáticas, sendo 44% muito preocupados e 33% preocupados. Outros 8% disseram não estar nem preocupados nem despreocupados, enquanto 6% estão pouco preocupados e 4% afirmaram não ter qualquer preocupação.

A pesquisa mostra que a preocupação é consistente em todas as faixas etárias, níveis de renda, escolaridade e regiões. Contudo, o sentimento é mais intenso entre as mulheres: 49% se declararam muito preocupadas, ante 40% entre os homens. A margem de erro é de três pontos percentuais para ambos os grupos.

Outro dado relevante é a percepção de responsabilidade sobre a crise climática. 84% dos entrevistados apontam o setor produtivo — incluindo indústria, agronegócio e energia não renovável — como o principal causador das mudanças climáticas. Já 38% atribuem a culpa aos padrões de consumo da sociedade e 29% responsabilizam o governo ou poder público. Apenas 6% disseram não acreditar que as mudanças climáticas estejam ocorrendo ou que esses setores tenham relação direta com o fenômeno.

A Quaest ressalta que o debate sobre a responsabilidade ambiental tende a ganhar força durante a COP30, que buscará, entre outras metas, estimular investimentos sustentáveis e modelos de governança climática inovadores. Um dos painéis do evento pretende destacar o Acre como exemplo de estado amazônico voltado à atração de capital verde e políticas de baixo carbono.