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Wednesday, 16 de July de 2025 - 14:36:56
Pesquisa revela impacto de fatores políticos, sociais e ambientais na saúde cerebral e declínio cognitivo
ESTUDO GLOBAL RELACIONA CORRUPÇÃO, POLUIÇÃO E INSTABILIDADE AO ENVELHECIMENTO ACELERADO

Um amplo estudo internacional, que analisou dados de mais de 160 mil pessoas em 40 países — incluindo o Brasil —, concluiu que elementos como corrupção, instabilidade política, poluição e desigualdades sociais aceleram o envelhecimento biológico e o declínio cognitivo. A pesquisa, conduzida por 41 cientistas de diversos continentes, destaca que o ambiente político e social onde se vive exerce influência direta na saúde mental e física da população.

Fatores físicos, como a má qualidade do ar, e sociais, como desigualdade econômica, de gênero e movimentos migratórios, foram associados a maiores índices de envelhecimento acelerado. Aspectos sociopolíticos, incluindo falta de representação política, restrição de direitos de voto e democracias frágeis, também tiveram peso relevante no estudo.

Países da Europa e da Ásia apresentaram envelhecimento mais lento, enquanto nações como Egito e África do Sul, onde índices de corrupção e instabilidade são elevados, registraram envelhecimento mais rápido. O Brasil ficou em posição intermediária.

Utilizando inteligência artificial e modelagem epidemiológica, os pesquisadores mediram a diferença entre a idade cronológica e a "idade biocomportamental" — um indicador que considera saúde, cognição, educação e fatores de risco.

O professor Eduardo Zimmer, da UFRGS, um dos autores brasileiros, ressalta que o local de residência pode acelerar o envelhecimento e aumentar o risco de declínio funcional, ressaltando a importância desses achados para a formulação de políticas públicas no Brasil, país marcado pela desigualdade.

Além disso, os cientistas enfatizam que ambientes políticos instáveis, polarização e falta de governança comprometem a saúde pública, reduzindo recursos e afetando a coesão social. A desconfiança nas instituições e a corrupção elevam o estresse crônico, prejudicando a saúde cardiovascular e cerebral.

Os pesquisadores recomendam que, para promover um envelhecimento mais saudável, as autoridades priorizem a redução das desigualdades sociais e o fortalecimento das condições políticas e ambientais, além de focar nos riscos individuais tradicionais.

Texto/Fonte: G1