Foto: ILUSTRATIVA
Quinta, 01 de dezembro de 2022 - 10:58:54
PIB do Brasil avança 0,4% no 3º trimestre, na quinta alta seguida
ECONOMIA BRASILEIRA
Com esse resultado, o PIB chega ao maior patamar da série histórica, iniciada em 1996. Frente ao mesmo trimestre de 2021, o PIB cresceu 3,6%.

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 0,4% no 3º trimestre, na comparação com os três meses imediatamente anteriores, divulgou nesta quinta-feira (1) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Este é o quinto trimestre de alta consecutiva da atividade econômica do país. Em relação ao 2º trimestre, houve uma desaceleração no crescimento.

Com esse resultado, o PIB chega ao maior patamar da série histórica, iniciada em 1996. Além de atingir o maior nível da série, o PIB ficou 4,5% acima do patamar pré-pandemia, registrado no quarto trimestre de 2019.

Frente ao mesmo trimestre de 2021, o PIB cresceu 3,6%. No acumulado nos quatro trimestres, terminados em setembro, a atividade econômica cresceu 3% frente aos quatro trimestres imediatamente anteriores. O acumulado do ano foi de 3,2% frente ao mesmo período de 2021.

Em valores correntes, o PIB no terceiro trimestre de 2022 totalizou R$ 2,544 trilhões.

 

De acordo com a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, com o resultado do 3º trimestre, o patamar da economia brasileira superou em 1,4% o pico, que até então havia sido registrado no 1º trimestre de 2014. Isso significa que a atividade econômica do país atingiu o seu maior nível em 26 anos.

avançou 1,1%. Já a Indústria cresceu 0,8%, e a Agropecuária recuou 0,9%.

Pelo lado da despesa, a Formação Bruta de Capital Fixo (investimentos produtivos na economia) subiu 2,8% em relação ao trimestre anterior. O Consumo das famílias teve alta de 1%, e as despesas de consumo do governo cresceram 1,3%.

O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e é o principal indicador usado para medir a evolução da economia (entenda como ele é calculado).

Principais destaques do PIB do 3º trimestre:

 

  • Serviços: 1,1%
  • Indústria: 0,8%
  • Agropecuária: -0,9%
  • Consumo das famílias: 1%
  • Consumo do governo: 1,3%
  • Investimentos: 2,8%
  • Exportações: 3,6%
  • Importação: 5,8%

Revisões

O IBGE revisou o resultado do PIB dos quatro últimos trimestres e constatou que o crescimento da economia brasileira em 2021 foi de 5%, maior que o apurado inicialmente, que apontava alta de 4,6%.

Esse avanço se deu na revisão dos dois últimos trimestres do ano - a alta no 3º trimestre foi de 0,4%, e a do 4º trimestre, de 0,9%, acima do apurado anteriormente, respectivamente, de 0,1% e 0,8%.

Já no 2º trimestre de 2022, a alta foi de 1%, menor que a divulgada antes, que apontava avanço de 1,2%. O crescimento no 1º trimestre também foi revisado, de 1,1% para 1,3%.

"Quando a gente divulgou o trimestre passado, a gente ainda não tinha revisado o de 2020 e o de 2021. Com a revisão dos últimos trimestres, no 2º trimestre a gente já havia superado o pico de 2014", diz Rebeca.

Rebeca explicou que em todas as divulgações referentes ao 3º trimestre são feitas revisões. "A gente incorpora o definitivo de dois anos antes e recalcula todo o ano anterior e os últimos trimestres", disse.

A dimensão das revisões feitas agora está diretamente relacionada aos efeitos da pandemia sobre a economia do país. "A gente teve uma revisão muito maior e houve mudanças significativas no peso das atividades econômicas na composição do PIB", enfatiza.

 

O IBGE revisou o resultado do PIB dos quatro últimos trimestres e constatou que o crescimento da economia brasileira em 2021 foi de 5%, maior que o apurado inicialmente, que apontava alta de 4,6%.

Esse avanço se deu na revisão dos dois últimos trimestres do ano - a alta no 3º trimestre foi de 0,4%, e a do 4º trimestre, de 0,9%, acima do apurado anteriormente, respectivamente, de 0,1% e 0,8%.

Já no 2º trimestre de 2022, a alta foi de 1%, menor que a divulgada antes, que apontava avanço de 1,2%. O crescimento no 1º trimestre também foi revisado, de 1,1% para 1,3%.

"Quando a gente divulgou o trimestre passado, a gente ainda não tinha revisado o de 2020 e o de 2021. Com a revisão dos últimos trimestres, no 2º trimestre a gente já havia superado o pico de 2014", diz Rebeca.

Rebeca explicou que em todas as divulgações referentes ao 3º trimestre são feitas revisões. "A gente incorpora o definitivo de dois anos antes e recalcula todo o ano anterior e os últimos trimestres", disse.

A dimensão das revisões feitas agora está diretamente relacionada aos efeitos da pandemia sobre a economia do país. "A gente teve uma revisão muito maior e houve mudanças significativas no peso das atividades econômicas na composição do PIB", enfatiza.

O maior impacto da reponderação dos pesos de cada atividade econômica se deu sobre o setor de Serviços, o mais impactado pelas medidas para conter o avanço da covid-19. Ele continuou sendo o de maior peso sobre o PIB, mas perdeu 6,6 pontos percentuais, provocando aumento nos pesos da agropecuária e da indústria.

Veja qual foi a revisão dos pesos dos componentes do PIB:

 

  • Agropecuária - de 4,9% em 2019 para 8,8% em 2021
  • Serviços - de 73,3% em 2019 para 67,6% em 2021
  • Indústria - de 21,8% em 2019 para 23,6% em 2021

 

"Essa revisão foi maior do que costuma ser justamente porque a gente estava em ano de pandemia e as atividades tiveram comportamento muito diferente. A gente viu que isso aconteceu no mundo todo", afirma.

 

Por que o setor de Serviços cresceu

 

O maior impacto da reponderação dos pesos de cada atividade econômica se deu sobre o setor de Serviços, o mais impactado pelas medidas para conter o avanço da covid-19. Ele continuou sendo o de maior peso sobre o PIB, mas perdeu 6,6 pontos percentuais, provocando aumento nos pesos da agropecuária e da indústria.

Veja qual foi a revisão dos pesos dos componentes do PIB:

 

  • Agropecuária - de 4,9% em 2019 para 8,8% em 2021
  • Serviços - de 73,3% em 2019 para 67,6% em 2021
  • Indústria - de 21,8% em 2019 para 23,6% em 2021

 

"Essa revisão foi maior do que costuma ser justamente porque a gente estava em ano de pandemia e as atividades tiveram comportamento muito diferente. A gente viu que isso aconteceu no mundo todo", afirma.

No setor de Serviços, que responde por cerca de 70% da economia, os destaques foram Informação e comunicação (3,6%), com a alta dos serviços de desenvolvimento de software e internet, Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (1,5%) e Atividades imobiliárias (1,4%). O segmento Outras atividades de serviços (1,4%), que representa cerca de 23% do total de serviços e inclui, por exemplo, alojamento e alimentação, também cresceu.

“As outras atividades de serviços já vêm se recuperando há algum tempo, com a retomada de serviços presenciais que tinham demanda represada durante a pandemia”, explica a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.

O Comércio foi o único segmento do setor de Serviços que ficou no campo negativo - variou -0,1% no terceiro trimestre. “Esse é um cenário que já vínhamos observando na Pesquisa Mensal de Comércio do IBGE. O resultado reflete a realocação do consumo das famílias dos bens para os serviços”, diz Rebeca.

Frente ao mesmo período de 2021, a alta foi de 4,5%, com destaque para Outras atividades de serviços (9,8%) e Transporte, armazenagem e correio (8,8%). Cresceram também Informação e comunicação (6,9%), Atividades imobiliárias (3,2%), Comércio (2,0%), Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (1,7%), Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (1,5%).

 

 

Construção puxa Indústria

 

No setor da Indústria, o destaque ficou com a Construção, que avançou 1,1% no período. “Essa atividade já vinha crescendo há quatro trimestres e segue aumentando, inclusive em ocupação", diz Rebeca.

Outro destaque do setor é Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (0,6%), atividade que foi beneficiada pela redução da energia termoelétrica, segundo a coordenadora.

A indústria da transformação (0,1%) e extrativa (-0,1%) ficaram estáveis.

Em relação ao mesmo trimestre de 2021, a Indústria registrou alta de 2,8%. Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos cresceu 11,2%, com um trimestre de bandeiras tarifárias verdes contrastando com a escassez hídrica em 2021.

A Construção também foi destaque (6,6%), seguida da Indústria de transformação (1,7%). Já as Indústrias extrativas tiveram queda de 2,6% por conta da queda na extração de minério de ferro.

 

Agropecuária foi único setor que caiu

 

Após três trimestres com taxas positivas, a Agropecuária recuou 0,9%. De acordo com a coordenadora, o desempenho negativo veio das culturas que têm safra relevante no trimestre e tiveram queda de produção, como a cana-de-açúcar e a mandioca.

"Já no ano, o desempenho do setor é ligado aos resultados da soja, nossa principal cultura, que teve a sua produção afetada por problemas climáticos”, diz. No acumulado do ano, o setor agropecuário caiu 1,5%.

 

Em relação ao 3º trimestre de 2021, a Agropecuária cresceu 3,2%. Além da contribuição positiva da Pecuária e do fraco desempenho da Produção Florestal, o resultado pode ser explicado, principalmente, pelo desempenho anual de produtos da lavoura que possuem safra relevante no trimestre: milho (25,7%), algodão (15,2%), café (6,7%) e laranja (4,4%). Em contrapartida, cana de açúcar (-1,1%) e mandioca (-1,3%) apontaram queda.

 

Consumo das famílias ainda patina

 

Pelo lado da demanda, apesar da variação positiva no 3º trimestre, o Consumo das Famílias teve variação positiva de 1%, após crescer 2,1% no 2º trimestre deste ano.

Mas, segundo o IBGE, na comparação com o mesmo trimestre de 2021, houve crescimento de 4,6%, influenciado pela melhora nas condições do mercado de trabalho, pelos auxílios governamentais às famílias, pela desoneração fiscal e pela expansão do crédito a pessoas físicas.

No acumulado de quatro trimestres, a alta foi de 3,7%.

A Formação Bruta de Capital Fixo (investimentos) teve aumento de 2,8% em relação ao trimestre anterior. Em comparação ao mesmo trimestre de 2021, o crescimento foi de 5%, com o crescimento na Construção, no desenvolvimento de softwares e na produção e importação de bens de capital. No acumulado de quatro trimestres, a alta foi de 0,8%.

A Despesa de Consumo do Governo cresceu 1,3% em relação ao 2º trimestre, 1% ante o terceiro trimestre de 2021 e 2,5% no acumulado de quatro trimestres.

 

Perspectivas

 

O bom resultado do 3º trimestre e indicadores antecedentes positivos nos últimos meses têm levado a uma revisão para cima das projeções para o crescimento da economia em 2022. Analistas do mercado apontam para um avanço do PIB de 2,81% no ano, enquanto o governo federal estima uma alta de 2,7%.

De acordo com o boletim Focus do Banco Central, a estimativa do mercado é de uma alta de 0,7% no PIB do próximo ano. Já o governo reduziu a previsão de crescimento para 2023: de 2,5% para 2,1%.

Segundo o boletim da Secretaria de Política Econômica, a revisão da expectativa aconteceu por conta da alta de juros no cenário externo, sobretudo nos Estados Unidos. Na avaliação da pasta, "o aumento na taxa de juros neste país afeta as condições financeiras e o crescimento da atividade no resto do mundo."

Em 2021, o PIB do Brasil cresceu 4,6%, após o tombo de 3,9% em 2020.

 

Texto/Fonte: Por Daniel Silveira e Marta Cavallini, g1