A Polícia Civil de Minas Gerais investiga um possível esquema de desvio de armas dentro da 1ª Delegacia do Barreiro, no bairro Jardinópolis, em Belo Horizonte. O caso veio à tona após policiais registrarem, em Contagem, a apreensão de um armamento que, ao ser checado no sistema, já constava como confiscado em outra investigação e deveria estar sob custódia da delegacia.
A verificação do acervo revelou o desaparecimento de outros armamentos, a maioria de baixo calibre e considerados obsoletos. A Corregedoria da Polícia Civil conduz o inquérito e afirmou que a apuração está em “estágio avançado”.
Em vídeo divulgado à imprensa, o delegado-geral Rômulo Dias declarou que a corporação reforça seu “compromisso com a transparência, a responsabilidade e o rigor na apuração dos fatos”, ressaltando a importância da confiança da sociedade na instituição.
Fontes ouvidas pelo g1 indicam que a principal linha de investigação envolve servidores da própria delegacia, com suspeita de que as armas desviadas teriam sido revendidas a integrantes de facções criminosas.
A defesa da servidora investigada, identificada como Vanessa, classificou a prisão cautelar como “desproporcional” e afirmou que nenhum material ilícito foi encontrado durante as buscas. O advogado Lucas Furtado sustentou que os vídeos anexados ao inquérito mostram apenas a servidora entrando e saindo com sua bolsa pessoal, sem evidência de armamentos.
“Não há qualquer indício concreto que justifique a prisão preventiva. A defesa vai pleitear a liberdade provisória”, afirmou Furtado.
O episódio reacendeu críticas sobre a ausência de Centrais de Cadeia de Custódia em Minas Gerais. O Sindicato dos Servidores da Polícia Civil (Sindpol) afirma que a falta dessas estruturas facilita extravios e dificulta o controle de provas e materiais apreendidos.
Segundo o presidente do Sindpol, Wemerson Oliveira, as armas deveriam estar armazenadas em instalações específicas e não em delegacias.
“Até hoje, a Polícia Civil não liberou verba para a construção da central, que ficaria sob responsabilidade do Instituto de Criminalística”, disse.
Até a publicação desta reportagem, a Polícia Civil e o governo de Minas não haviam comentado as declarações do sindicato.