A Polícia Civil de São Paulo desarticulou um plano do Primeiro Comando da Capital (PCC) que visava assassinar autoridades públicas, entre elas o promotor Lincoln Gakiya, do Gaeco, e o coordenador de 45 penitenciárias do interior paulista, identificado como Medina. A investigação revelou áudios e vídeos inéditos que mostram como os criminosos monitoravam os alvos e detalhavam as estratégias para os atentados.
De acordo com o Ministério Público, o grupo realizou monitoramentos entre junho e julho, seguindo inclusive a esposa de Medina. Em uma das gravações, um dos suspeitos descreve a facilidade de atacar a mulher do servidor:
“O muro do estacionamento da parte de trás é uns dois metros, entendeu? Não é muito alto, e não tem cerca elétrica... Ela anda sozinha.”
A voz foi identificada como sendo de Victor Hugo da Silva, conhecido como Falcão, que já havia sido preso duas vezes por tráfico neste ano. Ele foi detido novamente em julho, quando os investigadores encontraram em seu celular centenas de fotos, vídeos, mapas e planos de execução contra Medina e sua esposa.
As apurações apontam que Wellison Rodrigo Bispo de Almeida, o Corinthinha, recebia as informações coletadas por Falcão, enquanto outro criminoso, Sérgio Garcia da Silva, o Messi, também preso por tráfico, monitorava os passos do promotor Gakiya. Em um áudio, Messi chega a negociar a compra de um fuzil.
Na sexta-feira (24), a polícia cumpriu 25 mandados de busca e apreensão em sete cidades do interior paulista. Segundo o delegado Ramon Guarnieri Pedrão, do Deic de Presidente Prudente, o objetivo foi recolher mais provas e impedir que os criminosos destruíssem evidências dentro do sistema prisional.
“Eles estavam tentando apagar os rastros, eliminar provas que ainda estavam guardadas em aparelhos eletrônicos”, afirmou o delegado.
O PCC já tem histórico de ataques a autoridades: em setembro, o ex-delegado Ruy Ferraz Fontes foi morto com doze tiros de fuzil na Praia Grande, também após ser monitorado por membros da facção. As investigações indicam que Gakiya e Medina seriam mortos da mesma forma, e os criminosos chegaram a alugar uma casa a menos de 1 km da residência do promotor.
Gakiya relatou que sua casa foi monitorada por drones e disse que os ataques planejados refletem o incômodo da facção com sua atuação no combate ao crime organizado nas últimas duas décadas.
A polícia afirma que conseguiu interromper a trama antes que os atentados fossem executados, mas continua aprofundando as investigações para identificar outros possíveis alvos. Enquanto preparavam os assassinatos, os criminosos também mantinham atividades de tráfico de drogas.
As defesas de Victor Hugo da Silva, Sérgio Garcia da Silva e Wellison Rodrigo Bispo de Almeida não foram localizadas.