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Wednesday, 22 de October de 2025 - 07:13:39
Polícia investiga 69 postos ligados a empresários suspeitos de lavar dinheiro para o PCC
CRIME ORGANIZADO E LAVAGEM DE DINHEIRO

A Polícia Civil de São Paulo deflagrou uma nova fase da Operação Octanagem, que investiga uma rede de 69 postos de combustíveis supostamente utilizados para lavar dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC). Os estabelecimentos estão ligados aos empresários Pedro Furtado Gouveia Neto e Luiz Ernesto Franco Monegatto, apontados como sócios de uma estrutura financeira criada para ocultar recursos da facção.

De acordo com relatório obtido pelo g1, Monegatto figura como sócio em 13 postos — todos em São Paulo —, enquanto Gouveia aparece vinculado a 56 unidades em quatro estados. Os dois são suspeitos de atuar em parceria com Himad Hussein Mourad, acusado de chefiar o esquema de lavagem.

Gouveia já havia sido alvo da Operação Carbono Oculto, considerada a maior ofensiva policial contra o PCC no setor de combustíveis, que investigou fraudes e sonegação de aproximadamente R$ 7,6 bilhões. A maioria dos postos controlados por ele está concentrada na Baixada Santista e no interior paulista, com bandeiras como Ipiranga, Rodoil, Shell e unidades sem marca.

Segundo a investigação, os empresários serviriam como intermediários para “blindar o verdadeiro controlador” do grupo. Um documento judicial cita que, em agosto de 2023, Himad transferiu a Pedro Gouveia o cargo de diretor-presidente da GGX Global, empresa apontada como central do esquema financeiro. “A troca de nomes no quadro societário é uma estratégia de ocultação para proteger o verdadeiro líder”, descreve o relatório.

Os investigadores também identificaram que sistemas de pagamento e controle financeiro eram compartilhados entre diferentes empresas, o que reforça os indícios de interligação. Em um dos casos, uma compra feita no Auto Posto Panamera, em Praia Grande (SP), resultou em nota fiscal emitida em nome do Auto Posto Ímola, de Araraquara, controlado por Monegatto.

Gouveia, Monegatto e Himad aparecem ainda como responsáveis por três postos licenciados com a marca “Corinthians”, na Zona Leste de São Paulo. A Agência Nacional do Petróleo (ANP) confirmou divergências cadastrais entre seus registros e os da Receita Federal e informou que notificará as empresas envolvidas — o descumprimento pode levar à revogação das autorizações de funcionamento. O clube, por sua vez, afirmou que apenas licenciou a marca e acompanha as investigações, com contratos válidos até novembro de 2025.

A distribuidora Rodoil declarou que três dos seis postos investigados operavam sob sua bandeira, mas já foram notificados para encerrar o vínculo. A empresa informou ainda que o Auto Posto Super Senna Ltda. usava sua marca de forma irregular e que o processo de remoção visual começou no início deste ano.

As defesas de Gouveia, Monegatto e Mourad não se manifestaram até a publicação da reportagem.

Texto/Fonte: G1