A Polícia Civil do Rio de Janeiro deflagrou nesta terça-feira (7) uma operação contra chefes do Comando Vermelho (CV) que, mesmo detidos em presídios federais e estaduais, continuavam comandando roubos e clonagem de veículos na capital fluminense. Entre os alvos estão Luiz Fernando da Costa (Fernandinho Beira-Mar) e Márcio Santos Nepomuceno (Marcinho VP).
A ação cumpre 20 mandados de prisão expedidos pela 2ª Vara Especializada em Organização Criminosa do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ). As investigações, conduzidas pela 53ª DP (Mesquita) e 18ª DP (Praça da Bandeira), apontam que os líderes da facção mantinham controle sobre quadrilhas especializadas em roubo e clonagem de carros e motos, principalmente na Zona Norte da cidade.
Três dos chefes presos foram identificados como Ocimar Nunes Robert (Barbosinha), William Sousa Guedes (Corolla) e Juan Roberto Figueira da Silva (Cocão) — todos detidos no Complexo de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste. Barbosinha e Corolla cumprem pena no presídio Gabriel Ferreira Castilho (Bangu 3), enquanto Cocão está na unidade Pedro Mello da Silva.
Segundo a polícia, Cocão atuava como clonador de veículos, operando nas comunidades Paula Ramos e do Prazeres, em Santa Teresa. Ele chegava a pagar até R$ 5 mil por carro roubado, estimulando os assaltos em áreas como Tijuca, Benfica e Centro do Rio.
O relatório policial encaminhado ao Ministério Público sustenta a aplicação da teoria do domínio do fato, que permite responsabilizar as lideranças da facção por crimes executados por subordinados. “Em toda favela dominada por traficantes, há uma verdadeira hierarquia criminosa, na qual os líderes autorizam as condutas conforme os interesses da facção”, descreve o documento.
Entre os casos investigados está o roubo de um Toyota Corolla, em março de 2024, veículo alugado ao deputado federal Reimont (PT-RJ). O carro foi levado para a comunidade Fallet-Fogueteiro, área central dominada pelo CV. Em outro episódio, uma moto roubada em junho de 2024 foi encontrada na comunidade Morar Carioca, em Benfica, também sob controle da facção.
De acordo com a polícia, ambas as regiões funcionavam como pontos de guarda e clonagem de veículos, e os roubos eram frequentemente marcados por violência contra as vítimas. As investigações duraram dois anos e buscam desarticular a cadeia de comando do Comando Vermelho dentro e fora das prisões.