Mesmo sendo um gigante agrícola, o Brasil segue no Mapa da Fome da ONU desde 2021. A principal razão, segundo especialistas, não é a falta de alimentos, mas o baixo poder de compra da população. Os salários cresceram apenas 5% entre 2014 e 2024, enquanto os alimentos subiram mais de 116%, afetando principalmente os mais pobres, que gastam a maior parte da renda com comida.

A produção agrícola tem priorizado commodities como soja e milho — voltadas majoritariamente à exportação —, enquanto o cultivo de alimentos básicos como arroz e feijão perdeu espaço. Embora a produtividade tenha aumentado, especialistas alertam para a necessidade de reequilibrar essa lógica com investimentos na produção de alimentos para o mercado interno, especialmente hortaliças, frutas e legumes.

Além disso, cerca de 25 milhões de brasileiros vivem em “desertos alimentares”, com difícil acesso a comida fresca e saudável. A volta de políticas como Bolsa Família, PAA e merenda escolar contribuiu para reduzir o número de pessoas com fome extrema de 33 milhões, em 2022, para 8 milhões em 2023. O desafio agora é localizar e incluir quem ainda está fora da rede de assistência. O governo federal espera tirar o país do Mapa da Fome até 2026.