O governo português anunciou que começará a notificar cerca de 4.574 imigrantes, entre eles brasileiros, que terão 20 dias para deixar o país. A decisão foi confirmada pelo ministro da Presidência, António Leitão Amaro, no último sábado (3), que explicou que os imigrantes afetados tiveram seus pedidos de residência rejeitados pela Agência para a Integração, Migrações e Asilo (Aima), por não atenderem aos requisitos exigidos. Aqueles que não cumprirem a ordem de saída serão removidos de forma coercitiva, disse Amaro.

Além dos 4.574 imigrantes, o ministro indicou que mais notificações podem ser enviadas, já que o governo está lidando com uma fila de aproximadamente 110 mil pedidos de residência que aguardam análise. Amaro destacou que muitos dos imigrantes afetados já haviam recebido ordens de saída de outros países europeus ou tinham a residência negada por questões criminais que inviabilizaram a concessão de vistos.

O caso tem gerado atenção da Embaixada do Brasil em Portugal, que está em constante contato com as autoridades locais. Alessandro Candeas, cônsul-geral do Brasil em Lisboa, declarou que o consulado busca informações sobre o impacto específico para os brasileiros. Embora o Brasil seja a maior comunidade de imigrantes em Portugal, os dados preliminares indicam que a parcela de brasileiros afetados é pequena em relação ao total de 18 mil pessoas envolvidas. A maioria dos pedidos indeferidos vem de cidadãos de países como Índia, Paquistão, Bangladesh, Nepal e Butão.

O anúncio da medida ocorre a poucos dias do início da campanha para as eleições gerais em Portugal, previstas para 18 de maio, e gerou críticas da Casa do Brasil em Lisboa. A associação de defesa de imigrantes sugeriu que a decisão poderia ser uma "cortina de fumaça" para desviar a atenção do escândalo de corrupção envolvendo o primeiro-ministro Luís Montenegro, que resultou na queda do governo e na convocação de novas eleições. A crise política foi motivada por acusações de conflito de interesse envolvendo uma empresa de consultoria ligada à família do premiê.

O governo português, no entanto, defendeu a medida como necessária para garantir a conformidade com as leis de imigração, enfatizando que os imigrantes devem seguir as regras estabelecidas para residir no país.