Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
Monday, 19 de May de 2025 - 16:54:59
Presidente do BC defende juros altos por mais tempo para controlar inflação
POLÍTICA MONETÁRIA

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta segunda-feira (19), durante conferência do Goldman Sachs em São Paulo, que faz sentido manter a taxa de juros em nível elevado por um período mais prolongado para garantir a convergência da inflação à meta oficial.

Segundo ele, com as expectativas de inflação ainda desancoradas e o histórico recente de crescimento econômico acima de 3% ao ano, a manutenção de juros elevados (considerados "restritivos" no jargão técnico) se justifica mais pelo tempo de permanência nesse patamar do que por novos aumentos.

“É normal que comece um pouco a discussão sobre o prazo de manutenção da taxa de juros em um patamar restritivo”, afirmou.

O Banco Central avalia que o crescimento mais lento da economia é necessário para conter a alta de preços. Em suas últimas projeções, o BC estimou crescimento do PIB de 1,9% em 2025, enquanto o mercado projeta 2,02% — abaixo dos 3,4% registrados em 2024.

A inflação oficial segue acima da meta de 3%, válida dentro de um intervalo de 1,5% a 4,5% após a adoção do regime de meta contínua. As previsões do mercado indicam inflação de 5,5% em 2025, descumprindo o teto da meta por seis meses consecutivos, o que pode obrigar o BC a justificar formalmente o não cumprimento.

A ata do último Copom reforçou que o chamado "hiato do produto" (diferença entre o PIB real e o potencial) segue positivo, indicando que a economia opera acima do seu potencial sem gerar inflação de oferta. Ainda assim, o BC prevê maior impacto sobre o emprego devido à política de juros elevados.

A manutenção da Selic em patamar elevado preocupa setores do governo, especialmente quanto à formulação do Plano Safra, que pode ter impacto no crédito rural e no crescimento da agropecuária.

Texto/Fonte: G1