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Tuesday, 04 de October de 2022 - 08:46:04
Presidente eleito terá o desafio de lidar com um Congresso polarizado
Eleições 2022
Desempenho de bolsonaristas e lulistas nas urnas impõe dificuldades para o vencedor conseguir aprovar projetos de seu interesse

Com a apuração de 100% das urnas e a definição da composição do Congresso Nacional, já é possível dizer que, independentemente do candidato ao Palácio do Planalto vencedor em segundo turno, o eleito terá um enorme desafio pela frente para construir bases de apoio e aprovar matérias de seu interesse em um Legislativo polarizado.

Assim como durante toda campanha presidencial até o primeiro turno, ocorrido no domingo (2/10), as disputas pelas 540 vagas do Legislativo (513 na Câmara e 27 no Senado) também foram contaminadas pela polarização registrada no pleito presidencial e protagonizada por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL).

 

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Enquanto o petista venceu a primeira etapa da corrida presidencial, liderando o primeiro turno com 48,43% dos votos contra 43,2% de Bolsonaro, o atual chefe do Executivo saiu vitorioso nas urnas ao eleger quantidade significativa de parlamentares.

Sofia Manzano, candidata à presidência da República pelo PCB, votou na Bahia nesse domingo de eleições. A candidata chegou ao Colégio Estadual Professora Heleusa Figueira Câmara, em Vitória da Conquista, por volta das 11hDivulgação

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no local de votação, na Escola Estadual Firmino Correia de Araújo, em São Bernardo do Campo (SP)Alexandre Schneider/Getty Images

O atual presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, votou em uma escola do Rio de Janeiro, na manhã deste domingo (2/10)Buda Mendes/Getty Images)

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Candidata do MDB à Presidência, Simone Tebet votou na Escola Estadual Lúcia Martins Coelho, localizada no bairro Jardim dos Estados, em Campo Grande (MS), na manhã desse domingo (2/10)Reprodução/ Instagram

O candidato à Presidência da República Ciro Gomes votou em uma escola em Fortaleza, no Ceará Crédito: Keiny Andrade

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Candidata à Presidência da República pelo União Brasil, Soraya Thronicke votou em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, nesse domingo de eleições (2/10)Reprodução

Luiz Felipe D'Ávila vota em São Paulo

Luiz Felipe D'Ávila, candidato à Presidência da República, votou em uma escola em São Paulo, na manhã desse domingo (2/10)Reprodução/CNN Brasil

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Padre Kelmon votou em uma escola de Salvador, na Bahia, na manhã desse domingo (2/10)Reprodução

O candidato Léo Péricles (UP) votou em Belo Horizonte (MG), ao lado do filhoReprodução

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Sofia Manzano, candidata à presidência da República pelo PCB, votou na Bahia nesse domingo de eleições. A candidata chegou ao Colégio Estadual Professora Heleusa Figueira Câmara, em Vitória da Conquista, por volta das 11hDivulgação

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no local de votação, na Escola Estadual Firmino Correia de Araújo, em São Bernardo do Campo (SP)Alexandre Schneider/Getty Images

 

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Na Câmara, com Nikolas Ferreira (PL-MG) como deputado federal mais votado da história, e no Senado, com Marcos Pontes (PL-SP) protagonizando o melhor desempenho entre candidatos a senador, o bolsonarismo mostrou sua força e saiu em vantagem na disputa pelo Parlamento.

Caso seja reeleito em 30 de outubro, Bolsonaro terá, a partir de 2023, as maiores bancadas da Câmara e do Senado. Isso porque seu partido conseguiu eleger 99 deputados e oito senadores. Estes se somarão às siglas PP e Republicanos, que compõem a coligação bolsonarista na corrida pelo comando do Planalto.

Os resultados colocam Bolsonaro à frente na disputa contra Lula pelo apoio do Legislativo. Entre deputados eleitos, há 187 candidatos aliados ao atual mandatário do país. Já entre senadores, 24 dos 81 parlamentares podem ser considerados correligionários do atual presidente.

Apesar do bom desempenho dos bolsonaristas na disputa, Lula também tem motivos para comemorar. Afinal, o PT registrou um crescimento importante em comparação à bancada atual, especialmente na Câmara, ao eleger 68 deputados petistas. Esses parlamentares se juntarão aos 12 eleitos pelos partidos da coligação que o apoiam à Presidência (são eles: PV, PT, PCdoB, Solidariedade, PSol, Rede, PSB, Agir, Avant e Pros), totalizando 80 congressistas.

Se garantir a vitória no próximo pleito, Lula terá 122 deputados aliados em seu governo. No âmbito do Senado, a bancada petista também cresceu: passará a contar com nove senadores, somando, desta forma, 12 apoiadores na Casa Alta do Congresso.

Avanço do bolsonarismo

De acordo com a avaliação do professor de políticas públicas Eduardo Galvão, o desenho do novo cenário no Congresso Nacional mostra avanço da direita e encolhimento dos partidos de centro e esquerda.

“Nestas eleições, muitos senadores e deputados também de direita foram eleitos. Então, nós vemos que tanto o centro quanto a esquerda diminuíram. Mas a direita cresceu muito agora. É um Congresso que chega com mais parlamentares de direita e com esse espectro ideológico mais poderoso do que anos anteriores. Independentemente de quem for eleito presidente, vai ter que ter muita negociação com esse novo perfil de Congresso nos próximos anos”, pontua.

Segundo Galvão, isso também abre margem para a votação, antes congelada, e até mesmo aprovação de pautas conservadoras e que beneficiem o atual presidente, Jair Bolsonaro, caso ele seja reeleito: “Todo esse novo desenho vai se refletir na aprovação de pautas nos próximos quatro anos. Podemos citar que, agora, terá grande espaço para avanços de pautas conservadoras, pró-direita e até mesmo algumas pró-Bolsonaro. Não só da própria direita, mas sim do bolsonarismo”.

André Cesar, analista político, também prevê o avanço do bolsonarismo no Congresso com as novas bancadas eleitas. De acordo com o especialista, porém, o partido do PT, de Lula, poderá trazer equilíbrio às pautas conservadoras e às possíveis discussões do Congresso, caso o candidato seja eleito em segundo turno.

“A nova Câmara dos Deputados e o novo desenho do Senado Federal tendem a constituir uma ala mais conservadora, de direita e de aliados do atual presidente. Então, caso o ex-presidente Lula seja eleito, ele terá de negociar e conversar com essa ala de bolsonaristas. Apesar de o PL de Bolsonaro estar grande, o PT também chega ali como a segunda maior bancada, o que poderá equilibrar as discussões”, avalia.

Mudança nas bancadas

Na Câmara dos Deputados, o PL larga na frente, e Bolsonaro contará com o apoio de, pelo menos, 187 deputados na próxima legislatura. Lula, por sua vez, conseguiu construir uma base de apoio que contempla 122 parlamentares. Os outros 204 eleitos são independentes.

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Enquanto no Senado Federal, em 2023, será composto por 45 senadores considerados independentes, além de 24 parlamentares que apoiam o presidente Jair Bolsonaro e outros 12 aliados ao ex-presidente petista.

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Texto/Fonte: Victor Fuzeira Sandy Mendes