Milhares de jovens voltaram às ruas de Antananarivo, capital de Madagascar, nesta segunda-feira (13), para celebrar a fuga do presidente Andry Rajoelina. O líder deixou o país em meio a uma onda de protestos da Geração Z e à deserção de parte das forças armadas, que anunciaram ter assumido o comando militar.
Segundo o líder oposicionista Siteny Randrianasoloniaiko, o presidente abandonou o território malgaxe em um avião militar francês. “A equipe da presidência confirmou que ele deixou o país”, afirmou à agência Reuters, acrescentando que o paradeiro de Rajoelina permanece desconhecido. De acordo com a rádio francesa RFI, ele teria chegado a um acordo com o presidente Emmanuel Macron para deixar Madagascar.
Os protestos, iniciados em 25 de setembro, começaram por causa dos cortes de água e energia, mas se transformaram em um movimento mais amplo contra a corrupção e a falta de perspectivas no país. Desde então, 22 pessoas morreram em confrontos com as forças de segurança, segundo a ONU.
O Exército anunciou em vídeo que “todas as ordens do exército malgaxe, sejam terrestres, aéreas ou marítimas, partirão do quartel-general do CAPSAT”, confirmando o rompimento com o governo. A declaração ocorreu pouco depois de Rajoelina denunciar uma “tentativa ilegal de tomada do poder”. No sábado (11), tropas rebeldes já haviam se juntado a manifestantes na capital.
Diante do colapso político, o Senado comunicou que Jean André Ndremanjary foi nomeado para assumir temporariamente o cargo de presidente interino, após a destituição do antigo titular, alvo da ira popular.
A Geração Z, formada por pessoas nascidas entre 1995 e 2009, tem liderado protestos em diversos países — como Quênia, Indonésia, Nepal, Peru e Marrocos — e agora protagoniza também o maior levante em Madagascar desde 2009, quando manifestações populares derrubaram o então presidente Marc Ravalomanana e levaram Rajoelina ao poder pela primeira vez.
Reeleito em 2018 e novamente em 2023, Rajoelina enfrentava forte rejeição popular e boicote da oposição. Madagascar, uma das nações mais pobres do planeta, segue marcada por crises políticas cíclicas desde sua independência da França, em 1960.