O presidente interino do Peru, José Jerí, declarou estado de emergência em Lima após uma nova onda de protestos liderada por jovens da chamada “Geração Z”. As manifestações, que começaram nas redes sociais e tomaram as ruas da capital na quarta-feira (15), resultaram em um morto, dezenas de feridos e dez prisões.
As mobilizações exigem ações contra o aumento da criminalidade, a renúncia de Jerí, o fechamento do Congresso e a convocação de uma assembleia constituinte para redigir uma nova Constituição. Durante os atos na Praça San Martín, manifestantes incendiaram cercas e lançaram coquetéis molotov e fogos de artifício contra a polícia, que reagiu com gás lacrimogêneo e balas de borracha.
Entre os feridos estão 55 policiais e 20 civis, segundo o governo. O rapper Eduardo Ruiz Sanz, conhecido como Trvko, morreu após ser atingido por um disparo policial, o que intensificou as críticas ao presidente. Em nota nas redes sociais, Jerí lamentou o ocorrido e pediu “investigações objetivas” sobre o caso.
Os protestos são resultado de uma reforma no sistema de aposentadoria proposta ainda durante o governo de Dina Boluarte, que tornava obrigatória a adesão de todos os maiores de 18 anos a um provedor de pensão. A medida reacendeu o descontentamento popular diante da corrupção, da insegurança econômica e da violência urbana crescente.
A crise política se agravou após o impeachment de Dina Boluarte, aprovado por 122 votos a favor, o maior placar de destituição da história recente do país. A ex-presidente é acusada de corrupção no caso conhecido como “Rolexgate”, envolvendo relógios de luxo não declarados.
Com a queda de Boluarte, José Jerí, então chefe do Congresso e membro do partido conservador Somos Peru, assumiu o comando do país. Aos 38 anos, ele prometeu um “governo de reconciliação” e declarou “guerra às gangues criminosas”, apontando a segurança pública como prioridade.
Jerí é o sétimo presidente peruano desde 2016. As próximas eleições gerais estão marcadas para abril de 2026, e ele afirmou que entregará o poder ao vencedor do pleito. Enquanto isso, o estado de emergência suspende garantias constitucionais e autoriza o uso das Forças Armadas para conter os protestos em Lima.