O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o governo federal busca incluir legistas da Polícia Federal na investigação sobre as mortes ocorridas durante a operação policial realizada nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, na última terça-feira (28). A ação, que mirou o Comando Vermelho (CV), foi a mais letal da história do estado.
Em entrevista às agências Associated Press e Reuters, em Belém (PA), Lula criticou a operação. “A decisão do juiz era uma ordem de prisão, não uma ordem de matança — e houve matança”, disse o presidente. Ele reforçou a necessidade de uma apuração independente: “Queremos verificar em que condições a operação ocorreu, porque até agora só há a versão da polícia e do governo do estado”.
O Supremo Tribunal Federal (STF) marcou para esta quarta-feira (5) uma audiência sobre o caso. O ministro Alexandre de Moraes, relator da ADPF das Favelas, atendeu a um pedido da Defensoria Pública da União (DPU) para garantir acesso aos elementos da operação, a fim de permitir controle e averiguação pelo Ministério Público.
A repercussão mobilizou o governo federal. Os ministros Ricardo Lewandowski (Justiça), Macaé Evaristo (Direitos Humanos) e Anielle Franco (Igualdade Racial) estiveram no Rio na última semana para se reunir com o governador Cláudio Castro (PL), que classificou a operação como “um sucesso”.
Lula, no entanto, discordou da avaliação. “Do ponto de vista da quantidade de mortes, alguns podem considerar um sucesso. Mas, do ponto de vista da ação do Estado, ela foi desastrosa”, afirmou.
Esta foi a primeira crítica direta do presidente à operação. Logo após a ação, Lula havia se manifestado nas redes sociais defendendo o combate ao crime organizado, mas sem mencionar o governo fluminense. Ele também destacou a importância da PEC da Segurança Pública e do Projeto Antifacção, iniciativas do governo federal para fortalecer o combate integrado ao tráfico.
Pesquisas indicam que 64% dos fluminenses aprovam a operação, e 72% apoiam enquadrar o crime organizado como organização terrorista.