A pouco mais de um ano das eleições presidenciais, Luiz Inácio Lula da Silva convocou todos os 38 ministros para uma reunião no Palácio do Planalto nesta terça-feira (26). O encontro, o segundo de 2025, serviu para avaliar os avanços do governo e projetar os últimos 16 meses de gestão. O petista tem cobrado publicamente mais resultados de sua equipe, alertando que “o governo não tem mais muito tempo” e que eventuais falhas precisam chegar rapidamente ao presidente para serem corrigidas.
O cenário político de 2026 já se desenha, com governadores de partidos de direita ensaiando candidaturas ao Planalto diante da inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em janeiro, Lula já havia orientado seus auxiliares a “corrigir erros” e advertido que a oposição está em plena campanha.
Entre as prioridades elencadas pelo governo estão a aprovação da ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) para quem recebe até R$ 5 mil, promessa de campanha de Lula; o lançamento do programa Gás para Todos, nova modalidade do Auxílio Gás; a tramitação da PEC da Segurança Pública; a regulamentação das big techs; e as entregas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), principal vitrine de infraestrutura.
A proposta de isenção de IR deve custar R$ 25,8 bilhões em 2026. Para compensar, o governo sugere tributação progressiva de até 10% sobre rendimentos acima de R$ 600 mil anuais. A votação está prevista para setembro, mas depende de acordo entre líderes partidários. O presidente da Câmara, Arthur Lira, indicou que não pretende levar o texto a plenário antes de um consenso para evitar mudanças drásticas.
Já o Gás para Todos, previsto para setembro, será destinado a famílias inscritas no Cadastro Único, com renda de até meio salário mínimo. A expectativa do Planalto é de que o programa fortaleça a imagem do presidente junto à população mais pobre em ano eleitoral.
Outra frente é a PEC da Segurança Pública, aprovada na CCJ da Câmara e agora em análise em comissão especial. O relator, deputado Mendonça Filho (União-PE), retirou a exclusividade da União para legislar sobre o tema, ponto que gerava maior resistência.
No campo digital, o governo aposta no “PL das big techs”, que prevê regras de transparência, proteção de imagem de influenciadores e figuras públicas, além de medidas contra golpes e desinformação.
As dificuldades maiores recaem sobre o PAC. Para cumprir o arcabouço fiscal, há um bloqueio de R$ 10,7 bilhões no orçamento de 2025, atingindo diretamente o programa. Segundo o Tribunal de Contas da União, das 22.621 obras mapeadas, 11.469 estão paradas — mais da metade. Educação e saúde concentram 70% das paralisações, com 8.053 obras inacabadas. A Casa Civil foi procurada para detalhar o impacto, mas não respondeu até o fechamento da reportagem.
Com a reeleição em perspectiva, Lula tenta acelerar a entrega de políticas sociais e obras de infraestrutura, ao mesmo tempo em que busca reforçar sua base no Congresso para viabilizar votações decisivas até 2026.