A ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais poderá deixar cerca de 26,6 milhões de brasileiros livres da cobrança a partir de 2026, caso o projeto aprovado pela Câmara seja também aprovado pelo Senado e sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Hoje, a isenção atinge apenas quem recebe até R$ 3.036 mensais, equivalente a dois salários mínimos.
Segundo cálculos apresentados pela Confirp Contabilidade, a medida vai representar um alívio significativo no orçamento familiar. Para quem tem renda mensal de R$ 5 mil, a economia será de R$ 312,89 por mês, chegando a R$ 4.067 ao ano, já incluído o décimo terceiro salário. Contribuintes que recebem até R$ 7.350 também terão desconto, mas de forma progressivamente menor — alguém com renda de R$ 7 mil, por exemplo, terá redução de R$ 46,61 mensais, totalizando R$ 605,87 por ano.
A mudança faz parte do Projeto de Lei 1.087/25, relatado pelo deputado Arthur Lira (PP-AL), e é vista pelo governo como um passo importante para aliviar a carga tributária sobre a classe média. Em contrapartida, a proposta prevê taxação de lucros e dividendos, atualmente isentos, em até 10% quando ultrapassarem R$ 50 mil mensais para um mesmo sócio. O texto ainda estabelece que a cobrança de impostos sobre empresas não poderá ultrapassar 34%, e em instituições financeiras, 45%.
De acordo com a Conab, o impacto fiscal estimado é de R$ 25,8 bilhões em 2026. Para equilibrar as contas, será aplicada uma alíquota progressiva sobre rendimentos anuais acima de R$ 600 mil, chegando ao teto para quem ultrapassar R$ 1,2 milhão. Na prática, a medida mantém inalterada a tributação dos contribuintes que já estão sujeitos à alíquota máxima de 27,5% do IR.
A tramitação ganhou força após declarações do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que defendeu a votação de “pautas menos tóxicas” depois da repercussão negativa da PEC da Blindagem, derrubada pelo Senado. Em paralelo, um projeto de isenção alternativo, apresentado pelo senador Renan Calheiros (PP-AL), também tramita no Senado, ampliando a disputa política em torno do tema às vésperas da eleição de 2026.
Se confirmada, a medida colocará em prática a promessa do governo de ampliar a faixa de isenção do IR, beneficiando a maior parte da população economicamente ativa e aumentando a cobrança sobre os contribuintes de alta renda.