A megaoperação deflagrada nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, deixou quatro policiais mortos, segundo balanço atualizado das autoridades. A ação, que mobilizou cerca de 2.500 agentes e resultou em 81 prisões, é considerada a mais letal da história fluminense.
Entre os mortos estão Marcus Vinícius Cardoso de Carvalho, o Máskara, de 51 anos; Rodrigo Velloso Cabral, de 34; Cleiton Serafim Gonçalves, de 42; e Heber Carvalho da Fonseca, de 39. Todos foram atingidos durante confrontos com traficantes do Comando Vermelho (CV).
De acordo com a Polícia Civil, Máskara e Cabral foram baleados logo na chegada das equipes ao Complexo da Penha, quando criminosos reagiram com tiros e montaram barricadas em chamas. Já os sargentos do Bope, Cleiton Serafim e Heber Fonseca, foram feridos durante o avanço das tropas na Vila Cruzeiro. Todos chegaram a ser socorridos e levados ao Hospital Getúlio Vargas, mas não resistiram.
O comissário Marcus Vinícius ingressou na corporação em 1999, atuando na Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), onde ganhou o apelido Máskara por lembrar o personagem interpretado por Jim Carrey. Também passou pela 18ª DP e chefiava o setor de investigações da 53ª DP, em Mesquita.
Rodrigo Cabral, lotado na 39ª DP (Pavuna), tinha menos de dois meses de formado e trabalhava em uma das áreas mais violentas da Zona Norte. Já Cleiton Serafim, policial desde 2008, era casado e deixava uma filha. Heber Fonseca, que entrou na corporação em 2011, deixa esposa, dois filhos e um enteado.
A Secretaria de Polícia Militar e o Bope divulgaram notas de pesar, destacando a coragem e a lealdade dos agentes mortos “em defesa da sociedade”.
A operação, planejada pela DRE após mais de um ano de investigações, tinha como objetivo cumprir 100 mandados de prisão contra lideranças do CV. Foram apreendidos 93 fuzis, pistolas, motocicletas e grande quantidade de drogas.
Durante os confrontos, traficantes lançaram bombas com drones, incendiaram veículos e bloquearam vias como a Linha Amarela, a Grajaú-Jacarepaguá e a Rua Dias da Cruz, no Méier. As retaliações paralisaram 43 escolas e 5 unidades de saúde.
Entre os 81 presos, estão Thiago do Nascimento Mendes, conhecido como Belão do Quitungo, e Nicolas Fernandes Soares, apontado como operador financeiro do traficante Edgar Alves de Andrade, o Doca ou Urso, considerado um dos chefes do Comando Vermelho.
O secretário de Segurança Pública, Victor Santos, afirmou que a ação “foi planejada com base em inteligência” e não contou com apoio federal. Ele classificou a operação como necessária para “enfrentar o crime organizado que domina territórios há décadas”.