O almirante Alvin Holsey, que deixou recentemente o comando do Comando Sul dos Estados Unidos, ganhou destaque após manifestar discordâncias internas sobre os bombardeios conduzidos pelo país contra embarcações suspeitas de envolvimento com o tráfico de drogas, nas proximidades da costa venezuelana.

As operações, realizadas em águas internacionais desde setembro, resultaram em pelo menos 27 mortes e foram classificadas por organizações como a Human Rights Watch como “execuções extrajudiciais ilegais”. O caso ganhou peso político depois que o presidente Donald Trump confirmou ter autorizado operações secretas da CIA na Venezuela, aumentando temores de uma intervenção militar direta.

De acordo com o The New York Times, Holsey demonstrava cautela diante da escalada militar e chegou a questionar a falta de provas que justificassem os bombardeios. Essa postura o colocou em rota de colisão com setores mais agressivos do governo, incluindo o secretário de Defesa, Pete Hegseth, e o próprio Trump.

Fontes do Pentágono disseram ao jornal que a resistência do almirante em endossar novos ataques teria precipitado sua saída, considerada “inesperada”. Embora tenha evitado confrontos públicos, Holsey expressou preocupação com os riscos de uma escalada militar na região.

Com uma carreira de mais de três décadas, Holsey assumiu o Comando Sul no fim de 2024. Antes disso, comandou o Carrier Strike Group 1, o navio híbrido USS Makin Island, e a Navy Personnel Command, além de ter sido vice-comandante do próprio Comando Sul.

Ao anunciar sua aposentadoria, o Departamento de Guerra exaltou seu “serviço exemplar”. Porém, nos bastidores, a imprensa americana afirma que os elogios mascaram tensões políticas sobre o rumo das operações militares dos EUA na América do Sul.