Após quase dois meses de julgamento, o rapper e empresário Sean Combs, conhecido como Diddy, foi considerado culpado em duas das cinco acusações que enfrentava. O veredito foi anunciado na manhã desta quarta-feira (2), nos Estados Unidos, e refere-se a casos de transporte com fins de prostituição envolvendo duas ex-namoradas. As penas ainda não foram determinadas, mas podem somar até 20 anos de prisão.
O júri, formado por 12 pessoas — oito homens e quatro mulheres — considerou Diddy culpado nas acusações relacionadas a Cassie Ventura e uma mulher identificada como Jane. Em ambas, o rapper foi condenado por transporte com fins de prostituição. No entanto, foi inocentado nas demais acusações, incluindo conspiração para extorsão e tráfico sexual mediante coerção ou fraude, que poderiam levá-lo à prisão perpétua.
Preso desde setembro de 2024, Diddy acompanhou o julgamento em silêncio, vestindo suéter amarelo, camisa branca e calça cinza. Em determinado momento, reagiu com a cabeça entre as mãos ao ouvir o primeiro veredito. Ao seu lado, estavam sua mãe e filhos. Pouco antes da decisão final, seu advogado Brian Steele tentou confortá-lo segurando sua mão.
A promotoria sustentou que Diddy usou sua posição de poder como magnata da indústria musical para manipular e explorar sexualmente mulheres ao longo de mais de duas décadas. Em depoimentos emocionantes, Cassie relatou episódios de abuso físico, sexual e psicológico, incluindo agressões, estupros e controle extremo sobre sua vida. Jane, por sua vez, afirmou que era coagida a ter relações sexuais com outros homens para o entretenimento do artista, mesmo demonstrando sinais claros de desconforto.
A promotora Christy Slavik afirmou durante o julgamento: “Ele usou poder, violência e medo para conseguir o que queria. Achava que sua fama e fortuna o colocavam acima da lei.” Segundo as denúncias, Diddy chegou a sequestrar um funcionário, incendiar veículos, ordenar trabalhos forçados e subornar seguranças.
A defesa, porém, refutou as acusações, alegando que Diddy foi vítima de um processo “excessivamente zeloso” que distorceu seu estilo de vida. O advogado Marc Agnifilo questionou a ausência de provas diretas de associação criminosa e disse que as denúncias têm motivação financeira: “Não se trata de crime, trata-se de dinheiro.”
O julgamento teve início em maio de 2025 e trouxe à tona uma série de episódios envolvendo o artista, que se tornou alvo de múltiplas ações civis. A principal denúncia partiu de Cassie, que inicialmente entrou com um processo no fim de 2023, alegando abuso em sessões prolongadas de sexo com drogas — os chamados “freak offs”. Embora tenha fechado um acordo com Diddy pouco depois, o caso motivou uma avalanche de acusações públicas.
A situação se agravou quando, em março de 2024, agentes federais fizeram buscas em duas mansões de Diddy. Em seguida, um vídeo de 2016 foi divulgado, mostrando o rapper agredindo Cassie em um hotel em Los Angeles. Quatro meses depois, ele foi preso em Nova York, acusado de associação criminosa, tráfico sexual e transporte para prostituição.
Diddy, de 54 anos, é uma figura central na história recente do hip-hop. Criador da gravadora Bad Boy Records, revelou nomes como The Notorious B.I.G., Mary J. Blige e Usher. Sua trajetória no mercado musical e seus empreendimentos em moda e bebidas o tornaram uma das personalidades mais influentes da indústria.
Apesar disso, as acusações abalaram profundamente sua imagem. Em julgamento, os jurados ouviram relatos chocantes e visualizaram provas que contribuíram para o veredito. O juiz Arun Subramanian, ao encerrar o processo, agradeceu ao júri pelo serviço prestado: “Vocês ouviram, trabalharam juntos, estiveram aqui todos os dias, chova ou faça sol. Isso deve dar esperança a todos nós.”
Agora, a sentença de Diddy será anunciada nas próximas semanas, podendo levá-lo a até 20 anos de reclusão.