Os interrogatórios de Jair Bolsonaro e aliados no processo sobre a tentativa de golpe de Estado, encerrados recentemente, foram considerados “dentro do esperado” por ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e investigadores. Para eles, mesmo com negativas formais, os réus admitiram ter participado de reuniões em que, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), foi discutida a chamada "minuta do golpe".
Segundo a avaliação reservada de integrantes da Corte e da PGR, os acusados tentaram se distanciar das articulações, mas suas falas acabaram reforçando os elementos já existentes na denúncia — como anotações, mensagens e testemunhos que apontam para tratativas de medidas antidemocráticas. Parte dos réus também fez referência à introdução do texto golpista, os chamados “considerandos”, que buscariam justificar juridicamente a ruptura institucional.
Embora todos tenham negado ao relator Alexandre de Moraes que tenham tratado de um golpe, o tenente-coronel Mauro Cid, que firmou delação premiada, reafirmou elementos centrais da trama e comprometeu diretamente o ex-presidente Bolsonaro, segundo fontes do Ministério Público.
Outro destaque foi a participação do ministro Luiz Fux nas audiências, com questionamentos dirigidos aos réus. Nos bastidores, há expectativa entre advogados de que Fux atue como uma espécie de contraponto técnico a Moraes durante a análise do caso.
Com o encerramento dos interrogatórios, a ação penal avança para a reta final. O ministro Moraes abriu um prazo de cinco dias para pedidos de diligências adicionais, tanto por parte da defesa quanto da PGR. Após essa etapa, será aberta a fase de alegações finais:
15 dias para a PGR apresentar sua posição final;
15 dias para a defesa de Mauro Cid, por ter feito delação;
15 dias para os demais réus, incluindo Bolsonaro.
Concluídas essas fases, Moraes elaborará seu voto. Não há prazo definido para a conclusão, mas a expectativa interna no STF é de que o julgamento ocorra no segundo semestre, na Primeira Turma da Corte.