Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro avaliam que a decisão do governo Luiz Inácio Lula da Silva de exonerar indicados do Centrão em cargos estratégicos deve empurrar parte dos deputados desses partidos para a oposição. A movimentação, segundo esses líderes, favoreceria o avanço de projetos de interesse do campo bolsonarista, como o da anistia ao ex-presidente.
“Eles vão jogar cada vez mais para o lado da oposição os deputados do PP e União Brasil. É tudo que nós queremos para aprovar o projeto da anistia para Bolsonaro”, afirmou um parlamentar aliado do ex-presidente na Câmara dos Deputados.
Nos bastidores, circula um vídeo de um podcast com o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), em que ele afirma que a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, “vai passar faca” nos cargos de deputados do Centrão, mencionando indicações do PP, União Brasil, Republicanos, Podemos e até do PL na Caixa Econômica Federal.
As exonerações começaram na semana passada e devem prosseguir nos próximos dias, após a derrubada de uma medida provisória (MP) pelo Congresso. Diante desse cenário, os bolsonaristas veem uma oportunidade de explorar o momento de desorganização da base governista para impor novas derrotas ao Palácio do Planalto e fortalecer a oposição no Legislativo.
Apesar da expectativa dos aliados de Bolsonaro, interlocutores do Planalto avaliam que, mesmo que um eventual projeto de anistia avance na Câmara, dificilmente terá aprovação no Senado.
Líderes governistas reconhecem que o clima eleitoral já domina as articulações no Congresso e afirmam que o objetivo de Lula é recompor sua base com parlamentares que devem apoiá-lo na tentativa de reeleição em 2026. Ainda assim, o governo pretende manter diálogo com parte do PP e do União Brasil, especialmente com grupos mais próximos ao presidente no Nordeste.