O secretário estadual de Saúde, Gilberto Figueiredo, disse que é “assustador” o aumento no número de pessoas que procuram o Centro de Triagem com sintomas da covid-19, em Cuiabá. O serviço é dedicado para que a população possa iniciar o tratamento precoce da doença sem que seja necessária uma internação. 

Durante entrevista ao Programa Tribuna (Rádio Vila Real, 98.3 FM) na manhã desta quarta-feira (24), Figueiredo pontuou que o fluxo de pacientes já é semelhante ao registrado nos primeiros dias de funcionamento do espaço, quando o Estado enfrentava o auge da infecção. “O resultado do Centro de Triagem é assustador. Para se ter uma ideia, na segunda-feira nós distribuímos 945 senhas e atendemos 945 pessoas. Isso é um volume substancial. Quando iniciamos a programação de atendimentos nós prevíamos atender apenas 600 pessoas por dia. Agora, estamos atendendo quase mil porque as pessoas estão indo porque não estão encontrando atendimento na rede básica de saúde”, disse.

O fala foi acompanhada de críticas a Prefeitura de Cuiabá, que conforme o gestor, não tem feito o atendimento correto nas unidades de atenção básica. Figueireido explicou que, por conta disso, alguns pacientes chegam a unidade com a infecção em estado avançado e precisam ser encaminhadas ao hospital. 

“Tem paciente que está indo para Arena Pantanal e saindo de lá direto para a internação. E lá é para ser apenas um Centro de Triagem. Os pacientes deveriam estar sendo atendidos nas UPAS dos municípios e de lá sendo direcionado para o leito de enfermaria”, disparou. 

Nesse mesmo contexto, Figueiredo questionou a baixa taxa de ocupação nos leitos de enfermeira dos hospitais da capital em plena ascensão da pandemia. “A enfermaria é ponto inicial para tratamento para evitar que o paciente precise de uma UTI. O Hospital Metropolitano tem 178 leitos de enfermaria, desses 131 estão ocupados. Agora, quando a gente analisa o Pronto-Socorro de Cuiabá, tem 120 leitos de enfermaria e 25 internados. Para onde este paciente estão indo? Para o Metropolitano?”, questionou. 

“Se o paciente procura a rede básica de saúde Cuiabá e já demonstra que os sintomas estão agravando, ele precisa ir diretamente para o leito de enfermaria. Eu acho que a taxa de ocupação de leitos de enfermaria de Cuiabá é preocupante. Se as pessoas não tiveram o tratamento na enfermaria, eles vão depois direto para a UTI. Isso mostra que estão comentendo algum equívoco no encaminhamento prévio desses pacientes”, complementou.

UTIS

Gilberto também comentou o último boletim divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde, que totalizou 244.610 casos e 5.694 mortes pela doença em Mato Grosso. Só nas últimas 24 horas, 43 pessoas acabaram perdendo a vida para a covid-19 no Estado. 

“Os dados mostraram que estamos estabilizados em um patamar muito alto de óbitos e infelizmente nem isso sensibiliza a população. Isso já caiu na rotina como se fosse normal morrer 10, 20, 40 por dia. Eu não tenho visto uma preocupação por conta disso e a situação só está piorando”, pontuou. 

Por fim, o chefe da Saúde citou o aumento no número de internações nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI)  e cobrou sensibilidade da população. “Isso é muito ruim para nós porque faz uma pressão muito grande na área de assistência hospitalar do SUS. A cada crescimento a gente faz um esforço para disponibilizar leitos de UTI e as pessoas apostam que se tiver leitos suficientes elas podem continuar vivendo a vida normal”, finalizou. 

Ele ainda admitiu que, caso os casos e óbitos seguirem neste patamar, a tendência é do Estado adotar medidas mais restritivas de isolamento domiciliar.