A 22ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (SNCT/MT), realizada de 22 a 24 de outubro no Centro de Eventos do Pantanal, em Cuiabá, reuniu 125 trabalhos na XVII Mostra Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (MECTI). Entre os destaques estão soluções que vão desde redução de resíduos e melhoria da infraestrutura urbana até prevenção ambiental e formação em mídia e tecnologia, todas com resultados testáveis e replicáveis em escolas, serviços públicos e rotinas domésticas.

Professores e alunos de escolas públicas da Seduc e das Escolas Técnicas vinculadas à Secitec/MT apresentaram projetos como o limpador natural com microrganismos eficientes (ME), desenvolvido por cinco alunas do curso técnico em Análises Clínicas em Cáceres. O produto possui duas versões, para ralos e pias ou superfícies, e inclui cultivo de consórcio microbiano com fermentação de 7 a 10 dias, oferecendo limpeza doméstica eficaz e redução do uso de químicos. A iniciativa prevê ainda cartilha para replicação em famílias e unidades de serviço.

Outro projeto em destaque é da Escola Arena, que levou à MECTI seu estúdio de comunicação escolar. Idealizado pelo professor Felipe Miranda, o espaço integra impressão 3D, robótica, realidade virtual e IA generativa, conectando tecnologias do cotidiano dos estudantes a práticas pedagógicas. Resultados parciais indicam maior engajamento dos alunos e preparação para apresentações públicas, com planos de formalizar trilhas de uso responsável de mídias no currículo escolar.

Na ETEC Lucas do Rio Verde, professores e alunos transformam achados do território em protótipos aplicáveis, como o EcoBus, que reconfigura ponto de ônibus com telhado verde, iluminação em LED e captação de água da chuva, e o BioConstrutor, que utiliza talos de algodão na produção de blocos de alvenaria com menor uso de cimento. Testes de viabilidade, conforto térmico e custos estão em andamento.

Projetos ambientais da ETEC Cáceres incluem o Fósmico, robô de apoio ao combate a incêndios florestais, e o Ecoplástico, que avalia o uso de plástico triturado no asfalto para reduzir descarte. A instituição também desenvolveu um canudo comestível de amido de milho e proteína de soja, com decomposição estimada entre 30 e 60 dias, comparado aos 100 a 200 anos do plástico convencional.

A metodologia aplicada pelos estudantes combina diagnóstico, prototipagem e apresentação pública, registrando dados para orientar ajustes e escalabilidade. Alannis Mazotti Almeida, do 2º ano técnico em Logística, destaca os ganhos ao trabalhar com o canudo comestível: “Aprendi a interagir, apresentar o projeto e construir o protótipo. Participar da Semana me dá vontade de continuar pesquisando mais.”

Os projetos apresentados mostram que soluções simples e replicáveis podem reaproveitar resíduos locais, reduzir materiais de longa decomposição, melhorar infraestrutura urbana e formar competências práticas, reforçando que informação organizada como método também é tecnologia quando se transforma em base para decisões em escolas, famílias e políticas públicas.