Foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação
Wednesday, 09 de July de 2025 - 11:52:55
Sete meses depois de deslizamento, famílias ainda não têm garantias para voltar às casas em Minas Gerais
INCERTEZAS MARCAM RETORNO DE FAMÍLIAS APÓS DESLIZAMENTO EM PILHA DE REJEITO

Sete meses após o deslizamento de uma pilha de rejeito que soterrrou sete casas em Minas Gerais, o retorno das famílias afetadas permanece incerto. Moradores, como Lexandra Machado, relatam medo e falta de confiança, pois até agora não foi apresentado nenhum estudo ou laudo técnico que comprove a segurança da região para o retorno, afastando o risco de novos deslizamentos.

Reportagem do g1 aponta que as pilhas de rejeito têm sido usadas pelas mineradoras como alternativa considerada mais segura do que as barragens a montante, proibidas no país após os desastres de Mariana e Brumadinho. Contudo, a análise de segurança para garantir o retorno das famílias ainda não foi concluída.

Segundo dados da Defensoria Pública, 11 famílias já fecharam acordos com a mineradora Jaguar Mining. Dessas, sete não poderão retornar às casas, enquanto outras quatro poderão voltar somente após a liberação do acesso, sem previsão para isso. Os acordos já firmados somam R$ 6,2 milhões em indenizações, e 29 famílias estão em negociação final.

A defensoria explica que a liberação para retorno depende da Defesa Civil e da Agência Nacional de Mineração (ANM). Até o momento, a Defesa Civil de Minas Gerais não se manifestou sobre o caso. A ANM informou que o tema ultrapassa sua competência técnica, mas confirmou que a mineradora está elaborando um estudo de ruptura hipotética da pilha, fundamental para avaliar sua estabilidade e definir medidas de segurança.

A Jaguar Mining disse que está trabalhando junto aos órgãos responsáveis para garantir o retorno seguro dos moradores e contratou uma auditoria técnica independente para validar os estudos necessários. No entanto, detalhes sobre a conclusão desses estudos ainda não foram divulgados.

Os acordos previstos garantem indenizações por dano moral, perdas materiais e reformas, variando conforme a situação de cada família, incluindo compensações por prejuízos financeiros em casos de atividades econômicas no imóvel.

Moradores que optam por não aceitar o acordo podem buscar seus direitos pela via judicial. Lexandra Machado é uma delas e expressa a angústia diante da possibilidade de retornar a um local que considera inseguro: “Eu vou ser obrigada a voltar pra lá e viver esse terror de novo? Não tem perspectiva nenhuma de que ali é seguro. Não quero morar no meio do perigo.”

Para as famílias atingidas, o desastre vai muito além de um simples escorregamento — é uma tragédia que ainda não teve solução definitiva.

Texto/Fonte: G1