Sete meses após o deslizamento de uma pilha de rejeito que soterrrou sete casas em Minas Gerais, o retorno das famílias afetadas permanece incerto. Moradores, como Lexandra Machado, relatam medo e falta de confiança, pois até agora não foi apresentado nenhum estudo ou laudo técnico que comprove a segurança da região para o retorno, afastando o risco de novos deslizamentos.
Reportagem do g1 aponta que as pilhas de rejeito têm sido usadas pelas mineradoras como alternativa considerada mais segura do que as barragens a montante, proibidas no país após os desastres de Mariana e Brumadinho. Contudo, a análise de segurança para garantir o retorno das famílias ainda não foi concluída.
Segundo dados da Defensoria Pública, 11 famílias já fecharam acordos com a mineradora Jaguar Mining. Dessas, sete não poderão retornar às casas, enquanto outras quatro poderão voltar somente após a liberação do acesso, sem previsão para isso. Os acordos já firmados somam R$ 6,2 milhões em indenizações, e 29 famílias estão em negociação final.
A defensoria explica que a liberação para retorno depende da Defesa Civil e da Agência Nacional de Mineração (ANM). Até o momento, a Defesa Civil de Minas Gerais não se manifestou sobre o caso. A ANM informou que o tema ultrapassa sua competência técnica, mas confirmou que a mineradora está elaborando um estudo de ruptura hipotética da pilha, fundamental para avaliar sua estabilidade e definir medidas de segurança.
A Jaguar Mining disse que está trabalhando junto aos órgãos responsáveis para garantir o retorno seguro dos moradores e contratou uma auditoria técnica independente para validar os estudos necessários. No entanto, detalhes sobre a conclusão desses estudos ainda não foram divulgados.
Os acordos previstos garantem indenizações por dano moral, perdas materiais e reformas, variando conforme a situação de cada família, incluindo compensações por prejuízos financeiros em casos de atividades econômicas no imóvel.
Moradores que optam por não aceitar o acordo podem buscar seus direitos pela via judicial. Lexandra Machado é uma delas e expressa a angústia diante da possibilidade de retornar a um local que considera inseguro: “Eu vou ser obrigada a voltar pra lá e viver esse terror de novo? Não tem perspectiva nenhuma de que ali é seguro. Não quero morar no meio do perigo.”
Para as famílias atingidas, o desastre vai muito além de um simples escorregamento — é uma tragédia que ainda não teve solução definitiva.