O sistema de pagamentos instantâneos do governo brasileiro, o PIX, passou a ser alvo de questionamento por parte do governo dos Estados Unidos, dentro de um processo aberto pelo ex-presidente e atual pré-candidato Donald Trump. Segundo relatório do Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR), o Brasil estaria se valendo de “práticas desleais” ao favorecer plataformas governamentais em detrimento de empresas estrangeiras.
Sem mencionar nominalmente o PIX, o documento cita “serviços de pagamento eletrônico desenvolvidos por governos”, deixando claro, no entanto, que o foco está sobre o sistema operado pelo Banco Central do Brasil — atualmente o único do tipo com esse perfil no país.
O USTR afirma haver indícios de que o Brasil adota políticas que prejudicam a competitividade de empresas americanas que atuam no comércio digital e em serviços de pagamento. A reportagem do g1 tentou contato com o Banco Central e com a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) para comentar se a gratuidade do PIX poderia ser vista como um fator anticompetitivo, mas não obteve resposta.
O debate ganhou força após a suspensão da função de pagamentos com cartão de débito pelo WhatsApp no Brasil, no fim de 2024. Em nota enviada anteriormente, a empresa informou que a decisão visava priorizar transações via PIX. Para usar a função, o usuário precisava ter conta bancária e cartão emitido por instituições autorizadas — como Banco do Brasil, Bradesco, Nubank, entre outras.
Apesar das críticas, o PIX segue em expansão. O sistema bateu recordes em 2024, com mais de R$ 26,5 trilhões movimentados e 63,5 bilhões de transações realizadas — crescimento de 54,6% e 52,3%, respectivamente, em relação ao ano anterior. Segundo o Banco Central, o serviço já é utilizado por praticamente toda a população adulta brasileira, com grande impacto entre pequenos comerciantes e trabalhadores informais.
Em meio às críticas internacionais, o Banco Central segue investindo no aprimoramento da ferramenta. Entre as inovações previstas estão o PIX Automático, para pagamentos recorrentes, o PIX Garantido, que permitirá parcelamento de compras, e o PIX Internacional, que deverá viabilizar transferências entre países de forma integrada, embora ainda sem data de implementação.
O governo brasileiro ainda não se manifestou oficialmente sobre o trecho do processo que menciona o PIX. O Banco Central, até a última atualização da reportagem, também não respondeu aos questionamentos.