Foto: Reprodução / Midia News
Domingo, 26 de setembro de 2021 - 16:49:37
Sob Sol escaldante, mulher vende mudas para dar futuro aos netos
ROTINA PESADA

Há 19 anos, Suzana de Oliveira se abriga em um guarda-sol na esquina em frente à Lélis Peixaria e espera por clientes para tentar vender as mudas de plantas que cultiva em seu sítio, em Nossa Senhora do Livramento.

Suzana conta que de terça-feira a sábado pega carona com o caminhão do leite e viaja da Comunidade Quilombola Mata Cavalo até a Capital para poder trabalhar.

“É uma comunidade boa, mas é ruim de serviço, porque tem que plantar para poder comer, pra sobreviver tem que trabalhar na roça”, explica.

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Muitas pessoas que passam pelo local param para cumprimentar a vendedora, que já se tornou um rosto conhecido para quem frequenta a região. Com todo este tempo de trabalho, Suzana afirma que já conquistou muitos clientes, principalmente, pela qualidade de suas plantas.

Com um sorriso no rosto, Suzana relembra que foi a mãe, finada Candinha, que a ensinou a cultivar mudas quando ela era pequena. Segundo ela, todo o exemplo de força e garra veio da figura materna que criou sozinha a vendedora e seus doze irmãos.

''Eu não vendia assim [na calçada], comecei vendendo orquídeas que pegava do mato perto de casa e botava na caixa. Com elas eu saia de casa em casa, batendo nas portas e tentando vender. Só depois que me mudei para esse ponto.''

Porém, com a morte precoce da mãe, desde muito cedo Suzana precisou aprender a sobreviver sozinha. Sem oportunidades, ela abandonou os estudos ainda na segunda série e começou a trabalhar no sítio desde os 7 anos, montando bonecos para espantar pássaros das plantações.

Pela falta de estudo, ela conta que tem extrema dificuldade em ler e escrever. No entanto, carrega um conhecimento extenso sobre como cuidar de galinhas, porcos e plantas, já que desde nova esta foi sua única fonte de renda.

“Eu não vendia assim [na calçada]. Comecei vendendo orquídeas que pegava do mato perto de casa e botava na caixa. Com elas eu saia de casa em casa, batendo nas portas e tentando vender. Só depois que me mudei para esse ponto”, relembra.

Pé de jabuticaba, rosas do deserto, mangueira, goiabeira são algumas das diversas variedades que cobrem a calçada que Suzana faz de “vitrine” hoje. Os preços também são diversos, começando com valores de R$ 10 para todo tipo de freguês.

Sonhos para o futuro

Acostumada com o campo, a vendedora nunca pensou em viver na cidade grande. Suzana conta que tenta não pensar muito em como a vida poderia ter sido se houvesse mais oportunidade e se mantém positiva agradecendo pela vida, pela saúde e pela força que ainda tem para trabalhar.

Seu maior sonho hoje é poder construir uma casinha de tijolo e cimento com banheiro e também comprar mais um guarda-sol para enfrentar o calor de Cuiabá enquanto trabalha.  

“Um dia de cada vez, mas sou feliz graças a Deus. Porque a gente tem vida, saúde e força para fazer minhas mudinhas e poder ganhar meu troquinho. Não quero riqueza”, explica.

Suzana afirma que tudo que faz é pelos netos porque, para ela, é um orgulho vê-los crescendo e podendo ter a oportunidade de melhorar de vida. A neta caçula, de 6 anos, é a única que mora com ela e está sempre ao lado da avó.

A vendedora conta que a pequena tem o sonho de ser bailarina, um dos desejos que Suzana ainda não pôde realizar, mas que acredita que pode se tornar realidade. Para ela, o futuro dos filhos e dos netos é seu maior fruto de felicidade. Por eles, diz, trabalharia mais mil anos se fosse necessário.

“Agora eu tenho que lutar para os meus netos poderem estudar. Em tudo que posso ajudo eles, porque os meus netos são tudo para mim”, diz.

Doações

Suzana pede para quem puder ajudá-la entrar em contato pelo seu telefone: (65) 99214-8450. Ela ainda afirma que qualquer doação de roupa ou alimento já suficiente para ajudar ela e a neta e também podem ser deixadas pessoalmente de quarta a sexta-feira em frente ao Lélis até às 15h. E aos sábados em frente ao Banco do Brasil, próximo ao Liceu Cuiabano, até às 12h.

 

 

Texto/Fonte: VITÓRIA GOMES / MIDIA NEWS