As equipes de emergência seguiam, nesta quinta-feira (27), em busca de sobreviventes no complexo de oito torres que foi tomado pelas chamas em Hong Kong, enquanto quase 300 moradores permaneciam desaparecidos. O Corpo de Bombeiros informou que muitos ainda estavam encurralados nos edifícios, que continuavam sob intensa fumaça um dia após o início da tragédia.

Em entrevista coletiva, autoridades confirmaram que 51 vítimas morreram no local e outras quatro não resistiram após serem levadas ao hospital. Os feridos chegaram às unidades de saúde com queimaduras e problemas respiratórios causados pela inalação de fumaça. Segundo o governo, quatro blocos tiveram o fogo extinto, três apresentavam focos já controlados e apenas uma das torres não foi afetada.

As autoridades investigam a origem do incêndio, mas acreditam que o fogo ganhou força ao atingir as telas de obra e os andaimes de bambu utilizados na reforma do complexo. A polícia afirmou que o material usado não cumpria requisitos mínimos de segurança e prendeu três integrantes da construtora sob suspeita de homicídio culposo. A superintendente Eileen Chung declarou que a empresa agiu com “extrema negligência”, permitindo que as chamas se espalhassem de maneira descontrolada.

Durante a manhã, agentes realizaram buscas no escritório da empresa Prestige Construction & Engineering Company, responsável pelo trabalho no local, recolhendo caixas de documentos que podem servir como prova. O condomínio, situado no distrito de Tai Po, reúne cerca de dois mil apartamentos e abriga aproximadamente 4,6 mil pessoas, de acordo com censo de 2021. Todas as torres ultrapassam os 30 andares. Um bombeiro está entre os mortos, segundo a BBC, e outros profissionais ficaram feridos durante o combate.

A operação mobilizou centenas de bombeiros e, posteriormente, 400 policiais adicionais. O alerta de risco foi elevado ao nível 5, o mais alto da escala. A intensidade do calor dentro das estruturas dificultou a entrada das equipes de resgate, que seguiam com cautela para evitar novos acidentes. O incêndio também provocou bloqueios na rodovia Tai Po e desvios em linhas de ônibus, além de ter levado ao isolamento temporário de dois quarteirões próximos.

Hong Kong registra um histórico de incêndios de grande proporção. O mais marcante ocorreu em 1996, quando 41 pessoas morreram após um foco iniciado por soldagem durante uma reforma interna. O episódio resultou em mudanças nas normas de segurança para prédios altos. O uso de andaimes de bambu, tradicional na região, vem sendo reduzido após a morte de 22 trabalhadores entre 2019 e 2024. Associações de vítimas afirmam que pelo menos três incêndios envolvendo esse tipo de estrutura ocorreram somente neste ano.