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Segunda, 15 de fevereiro de 2021 - 11:32:28
Soja fecha semana com pressão dos preços nos portos
AGRONEGÓCIO

Os mercados interno e internacional da soja estão em um momento de bastante sensibilidade, cautela e buscando uma melhor direção e um melhor ritmo de negócios, segundo explicam analistas e consultores. A semana, mais uma vez, foi marcada por forte volatilidade, termina com o início do feriado do Ano Novo Lunar na China, expectativa para o Agricultural Outlook Forum nos EUA na semana que vem, altas acumuladas em Chicago e baixas nos portos do país.

O Brasil registrou mais uma semana de poucos novos negócios e foco total dos sojicultores no avanço da colheita. “Neste momento, o mercado segue sem pressão de venda e apenas acontecendo a entrega de contratos já programados”, explica o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting.

Os preços nos portos do país, todavia, acumularam perdas nesta semana. Em relação à ultima sexta-feira (5), a soja spot no porto de Paranaguá cedeu 1,20%, bem como a referência para março, e os últimos valores ficaram em, respectivamente, R$ 165,00 e R$ 164,00 por saca. Em Rio Grande, as baixas foram de 0,61% e 1,22%, para R$ 164,00 e R$ 162,00.

O lineup da soja no Brasil já está em 13,6 milhões de toneladas, contabilizando navios nos portos e nomeados até o dia 11 de fevereiro, de acordo com informações apuradas pelo Notícias Agrícolas. Assim, a imagem da sequência, que mostra os navios carregados com soja em trânsito do Brasil para a China, já sinaliza um movimento um pouco mais intenso ao ser comparado à semana anterior.

“Movimento um pouco mais intenso do que há uma semana. Dos 11 navios em movimento carregados com soja, oito têm destino a China. E cinco deles partiram do porto de Santos”, diz Karen Braun, analista de commodities da Reuters Internacional.

 

COLHEITA X OFERTA

Também para o mercado nacional, a semana foi marcada por informações sobre o avanço da colheita, as condições de clima para os trabalhos de campo e para a qualidade das lavouras que ainda estão no campo e no que há de produto disponível para o cumprimento dos contratos que vencem agora.

No final da tarde desta sexta (12), o Imea (Institituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária) atualizou seus dados sobre a colheita da soja no estado, elevando o percentual a 22,26%, quase o dobro do número da semana anterior e ampliando, desta forma, o volume da oleaginosa disponível para este cumprimento de contratos.

A ABIOVE (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) em informações reportadas pela Reuters afirmou que espera que os volumes de soja embarcados em fevereiro melhorem.

“Vai escoar com tranquilidade, a capacidade nossa portuária é suficiente para atender tudo isso (previsão para o ano). As empresas têm toda a programação de escoamento, com contratação ferroviária, rodoviária e hidroviária”, disse o economista-chefe da Abiove, Daniel Furlan Amaral à agência de notícias.

No entanto, a qualidade da soja que vem dos estados que colhem primeiro exigem monitoramento e cautela. O excesso de chuvas em pontos do Paraná e de Mato Grosso preocuparam nos últimos dias e resultaram em problemas graves, apesar de pontuais.

No Paraná, a consequência destas condições de clima tem resultado no abortamento de vagens.

“Um grande período de dias sem incidência direta de luz solar tem sido um dos grandes problemas agronômicos dessa safra”, explica Claudeir Pires, CEO da Academia da Soja, que vem visitando lavouras nas principais regiões produtoras do país.

BOLSA DE CHICAGO

Se as cotações recuaram no saldo da semana nos portos do Brasil – com uma pressão vinda também dos prêmios um pouco mais baixos e o dólar bastante volátil -, na Bolsa de Chicago os futuros da soja encerraram com altas. O vencimento março subiu 0,44% e foi a US$ 13,72 e o agosto a US$ 13,14 por bushel, com alta acumulada de 0,77%.

Como explicam analistas e consultores, os fundamentos atuais ainda dão suporte às cotações, em especial os baixos estoques norte-americanos e a demanda ainda forte pela soja dos EUA.

“Os consumidores finais realmente estão precisando deste suprimento. Eles estão, diariamente, fechando negócios em que precisam de soja, milho, trigo, farelo, e não podem ficar sem”, explica Don Roose, presidente da U.S. Commodities, ao site SuccessfulFarming.

E de fato, não só a demanda para exportações está forte nos EUA, como a interna também. O processamento de soja norte-americano tem se mostrado forte e crescendo nos últimos meses, o que também ajuda no suporte aos preços na CBOT.

Ao mesmo tempo, o mercado acompanha também o clima na América do Sul para a conclusão da nova safra, o feriado na China – que começa nesta sexta – e as expectativas para o novo Outlook Forum do USDA que acontece na semana que vem e traz as primeiras impressões do departamento para a temporada 2021/22 nos EUA.

Texto/Fonte: Com informações Notícias Agrícolas Autor: Carla Mendes