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Thursday, 05 de December de 2024 - 07:34:07
SORRISO: Contas bancárias de Alei e Nei Francio tem pedido de quebra de sigilo pela justiça eleitoral
Quebra de sigilo bancário
Nei Francio foi preso em flagrante com R$ 300 mil em espécie há 3 dias das eleições

O agricultor, Nei Francio, um dos cabos eleitorais do prefeito eleito de  Sorriso  Alei Fernandes (União Brasil) e pai de um dos principais apoiadores financeiros de campanha, é acusado de cometer crimes eleitorais para beneficiar o então candidato  e seu vice, Acácio Ambrosini (Republicanos), transportando R$ 300 mil em espécie três dias antes do primeiro turno das eleições municipais deste ano. As investigações levaram a deflagração da Operação Rustius, pela Polícia Federal,   nesta quarta-feira (04).

Conforme consta no pedido de Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE), proposto pelo candidato derrotado  Leandro Carlos Damiani (MDB), há fortes indícios de uso indevido de recursos, desvio e/ou abuso de poder econômico, além de benefício por conduta ilícita como compra de votos, por parte do prefeito eleito  e vice.

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Nei Francio

Nei Francio: cabo eleitoral preso transportando R$ 300 mil em espécie, é um dos investigados por compra de votos em Sorriso durante a campanha eleitoral

 

Na noite do dia 03 de outubro, Nei Francio foi abordado pela Polícia Rodoviária Federal no km 754, da BR-163, em Sorriso. Conforme boletim de ocorrência, o cabo eleitoral não obedeceu os avisos luminosos e sonoros da viatura policial. Após parar o veículo, os agentes realizaram busca pelo veículo e encontraram uma caixa de papelão com R$ 300 mil em espécie. Questionado, Nei Francio não soube informar a origem do dinheiro.

“Considerando que Nei não soube comprovar a origem do dinheiro; Considerando que Nei é apoiador da campanha eleitoral do atual prefeito da cidade de Sorriso, tendo, inclusive, no veículo adesivo de apoio, que seu filho realizou doação de alto valor para a campanha eleitoral; Considerando o período eleitoral; a ocorrência foi encaminhada para a Polícia Civil e, em seguida, para a Polícia Federal, que apreendeu o valor em espécie e o aparelho celular de Nei, para realização de investigação”, diz trecho do registro policial.

Ni Francio foi preso em flagrante, e conduzido à Polícia Federal por indícios de possível prática de crimes eleitorais. Em depoimento, Nei disse ter um “vinculo de amizade” com Alei e declarou “apoia[r] a reeleição (sic) do candidato”.

“Além disso, armou (sic) que seu filho realizou doação de R$200 mil para a campanha, de forma lícita e que possui um sítio em comum com ele [Alei Fernandes] e com mais 10 pessoas, no Pará, um pesqueiro”, diz trecho dos autos. 

À época, Nei Francio autorizou o acesso da PF aos dados armazenados em seu aparelho celular, “oportunidade em que confessou manter troca de mensagens com Alei Fernandes”. Os dados extraídos foram categorizados, indexados e disponibilizados em anexo digital, entretanto até o presente momento, a análise do material ainda não foi acostada aos autos. 

Ainda na AIJE, o advogado José Eduardo Cardozo, que representa Leandro Damiani,  aponta que Alei foi o beneficiário do ato ilícito, ao lado de Acácio, portanto, é “indiscutivelmente parte legítima passiva [de Alei] na presente ação (...) Bem por isso, também foi incluído como representado o Sr. Acácio Ambrosini, candidato ao cargo de Vice-Prefeito Municipal na chapa de Alei Fernandes”, destacou o jurista.

“O perigo de dano e a urgência tornam-se evidentes à medida em que se aproxima a diplomação dos eleitos e, dependendo do conteúdo armazenado na mídia digital, poderão ser ainda mais evidenciados os abusos praticados pelos representados (...) Outrossim, o fato de o vultoso valor em espécie ter sido encontrado com um terceiro – Nei Francio – não significa que o candidato Alei Fernandes não tenha anuído com a conduta ou solicitado que um terceiro atuasse na captação ilícita de sufrágio”, diz a Aije.

Diante dos fatos narrados, o advogado solicitou compartilhamento das provas obtidas nos Processos - em especial os dados do celular de Nei Francio - para  avaliar a extensão das condutas e autorizar a quebra do sigilo bancário de todos os investigados desde o momento da filiação de Alei ao União Brasil  até o dia da eleição municipal.

Texto/Fonte: Com Cecília Nobre e Jacques Gosch - RD NEWS