A cinebiografia Springsteen: Salve-me do desconhecido, que estreia nesta quinta-feira (30) nos cinemas brasileiros, foge do formato tradicional do gênero ao mergulhar em um dos períodos mais introspectivos da vida do cantor Bruce Springsteen. Dirigido por Scott Cooper (Coração Louco) e estrelado por Jeremy Allen White (The Bear), o longa se concentra na criação do álbum Nebraska e constrói um retrato melancólico da depressão do artista em meio à fama.
Em vez de seguir a fórmula da infância difícil, ascensão meteórica e autodestruição, o filme aposta em um tom contido e contemplativo. A narrativa acompanha o fim da turnê de The River, momento em que Springsteen decide se isolar e gravar sozinho um novo trabalho, sem promoção ou aparições públicas — um gesto de rebeldia criativa e também de dor pessoal.
White, já conhecido por interpretar gênios atormentados, encarna o “Boss” com intensidade e carisma. A falta de semelhança física com o músico acaba favorecendo o desempenho, permitindo uma atuação mais livre de maneirismos. Jeremy Strong (Succession) também se destaca no papel de Jon Landau, produtor e confidente de Springsteen, embora com tempo de tela reduzido.
A produção, baseada no livro Deliver Me from Nowhere, de Warren Zanes, evita cair nos clichês, ainda que peque nos flashbacks em preto e branco da infância do cantor — que soam deslocados e melodramáticos. Em compensação, o filme acerta ao traduzir o conflito interno do músico e sua luta contra a depressão, ao mesmo tempo em que preserva a essência artística de Nebraska.
Mais do que contar a história de um ícone do rock, Salve-me do desconhecido reflete sobre a solidão e a busca por significado em meio ao sucesso. Pode não ser a cinebiografia mais vibrante, mas é uma das mais sinceras.