Foto: João Valério/GESP
Tuesday, 07 de October de 2025 - 13:25:41
Tarcísio minimiza riscos e diz que só se preocupará com falsificação de Coca-Cola em meio a casos de intoxicação por metanol
CRISE SANITÁRIA EM SÃO PAULO

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), reagiu com ironia à onda de intoxicações por metanol registradas no estado, afirmando que só ficará preocupado “no dia em que começarem a falsificar Coca-Cola”. A declaração foi dada nesta segunda-feira (6), após reunião com representantes da indústria de bebidas.

“No dia em que começarem a falsificar Coca-Cola, eu vou me preocupar... Ainda bem que ainda não chegaram nesse ponto. Coca-Cola, até aqui, não. E a minha é normal [com açúcar na fórmula]”, brincou o governador.

Durante o encontro, Tarcísio disse que o setor tem demonstrado disposição para colaborar nas investigações. “Os maiores fabricantes do Brasil estavam à mesa — Jack Daniel’s, Johnnie Walker e outros — e todos querem ajudar a identificar quem está por trás das falsificações. As empresas sofrem muito com isso, há uma crise de confiança”, afirmou.

O estado de São Paulo concentra 82% dos casos de intoxicação por metanol no país, segundo o Ministério da Saúde, com 15 confirmações e 164 sob análise. A substância, usada industrialmente em solventes e produtos químicos, é altamente tóxica e, quando ingerida, pode causar cegueira, coma e morte, além de comprometer fígado, cérebro e nervos ópticos.

A Polícia Civil trabalha com duas hipóteses: o uso acidental de metanol no lugar do etanol durante a fabricação ou a adição deliberada da substância para aumentar o volume de bebidas falsificadas. Até agora, os casos envolvem principalmente vodcas e gins adulterados.

Tarcísio informou que pedirá à Justiça a destruição de materiais falsificados apreendidos — garrafas, rótulos, lacres e tampas —, após a apreensão de mais de 7 mil unidades suspeitas na última semana. Ele e o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, descartaram qualquer envolvimento de facções criminosas, como o PCC, afirmando que o negócio é “pouco lucrativo” comparado ao tráfico de drogas.

Especialistas alertam que não é possível identificar o metanol pelo cheiro, gosto ou aparência da bebida, já que a substância é incolor e inodora. A recomendação é comprar apenas em locais confiáveis, observar lacres e selos fiscais e desconfiar de preços baixos.

A Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) também orienta que garrafas vazias sejam inutilizadas para evitar o reuso por falsificadores. Em caso de sintomas após o consumo, as autoridades pedem que a população procure atendimento médico imediato e informe a origem da bebida.

Texto/Fonte: G1