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Friday, 11 de July de 2025 - 14:09:25
Tarifa de Trump sobre suco de laranja brasileiro pode gerar prejuízo bilionário e afetar exportações
TARIFA DOS EUA SOBRE SUCO BRASILEIRO PREOCUPA SETOR

A nova tarifa de 50% sobre o suco de laranja brasileiro, imposta pelo ex-presidente Donald Trump em abril, tem causado incertezas no setor exportador. Atualmente, os EUA já pagam uma taxa fixa de US$ 415 por tonelada, além de 10% adicionais. Com o novo percentual, o custo pode inviabilizar as exportações brasileiras, abrindo espaço para a substituição do produto nas prateleiras americanas por opções mais baratas como refrigerantes e águas saborizadas.

Segundo Ibiapaba Netto, diretor-executivo da CitrusBR, embora não haja um fornecedor com a escala do Brasil, o produto pode ser substituído. Hoje, os EUA absorvem cerca de 41,7% das exportações brasileiras, ficando atrás apenas da União Europeia. Quase metade do suco consumido nos EUA é brasileiro. Se o mercado americano for perdido, o Brasil pode amargar prejuízos de até R$ 1,1 bilhão por ano, conforme estimativa da Consultoria Cogo.

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que o governo está dialogando com os setores para tentar ampliar mercados, mas o próprio setor aponta dificuldades. Netto avalia que substituir os EUA não será simples, já que aumentar as vendas para a União Europeia poderia pressionar os preços e que não há outros mercados de grande escala disponíveis.

A crise americana é agravada por fatores internos: os EUA enfrentam a pior safra de laranja em 40 anos, com uma queda de 28% na produção para 2024/2025, principalmente na Flórida, maior estado produtor, impactado por furacões, frio intenso e pela doença greening, que reduz a qualidade e produtividade das frutas. Com isso, o preço da bebida disparou: uma lata de 473 ml chegou a US$ 4,49 (R$ 24,84) em fevereiro.

No Brasil, ao contrário, a produção tem reagido. O clima favoreceu os pomares e o avanço do greening desacelerou. O país deve ser responsável por cerca de 70% da produção mundial de suco em 2025, segundo o Itaú BBA. Apesar do aumento, o risco é não haver mercado suficiente caso os EUA deixem de comprar, o que ameaça toda a cadeia produtiva, das indústrias aos pequenos produtores.

“O impacto é generalizado. Ninguém escapa dos efeitos dessa medida”, alerta Netto.

Texto/Fonte: G1