Encostar pés e mãos no chão e contar quantas flexões de braço são feitas em um minuto pode revelar muito sobre a resistência muscular e até sobre a saúde do coração. O teste, amplamente usado e validado por pesquisas científicas, mede a capacidade dos músculos do peitoral, ombros e braços de realizar contrações repetidas até a fadiga — um indicativo de resistência muscular localizada.
De acordo com o American College of Sports Medicine (ACSM), a principal instituição mundial de medicina esportiva, o teste é simples, de baixo custo e serve para avaliar o condicionamento físico de adultos e jovens. Homens de 30 a 39 anos, por exemplo, devem conseguir entre 17 e 21 repetições. Mulheres podem realizar o exercício na posição modificada, com os joelhos apoiados no chão.
Um estudo de 2019 publicado na revista JAMA Network Open mostrou que a capacidade de realizar mais de 40 flexões está associada a um risco 96% menor de desenvolver doenças cardiovasculares em até dez anos, em comparação com quem faz menos de dez. “Embora não deva ser usado isoladamente, o teste fornece informações importantes sobre resistência muscular e saúde do coração”, explica o fisiologista Francis Souza, do Instituto do Coração (InCor).
O professor Leonardo Brito, diretor da Associação dos Fisioterapeutas do Brasil, reforça que “a capacidade de flexão pode ser uma medida simples e gratuita para estimar o estado físico das pessoas”. Ele observa que desempenhos baixos no teste podem indicar fraqueza funcional nos membros superiores, aumento do risco de fadiga e possível perda de massa muscular relacionada ao envelhecimento.
O ACSM também recomenda versões adaptadas do teste para idosos e pessoas com limitações físicas, como o arm curl test (teste de bíceps com halter), considerado mais seguro. Nele, o participante realiza o maior número possível de flexões de cotovelo em 30 segundos, com halteres de 2 kg (mulheres) ou 4 kg (homens).
Para o professor Guilherme Artioli, do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, “como o teste original exige técnica apurada, estudos populacionais preferem alternativas mais simples, como o teste de preensão manual”. Já Brito destaca que o push-up test é amplamente usado em atletas e programas de reabilitação.
Souza ressalta que quem apresenta resultados abaixo do ideal deve priorizar o treinamento de força para melhorar a performance e a saúde geral. “A prática regular de atividade física previne doenças cardiovasculares, controla o peso, melhora a saúde mental e reduz sintomas de ansiedade e depressão”, conclui.