Mais de 100 mil pessoas tomaram as ruas de Londres no último sábado em uma manifestação da extrema-direita britânica. O ato foi comandado por Tommy Robinson, nascido Stephen Yaxley-Lennon, figura de 42 anos conhecida por discursos xenófobos, teorias conspiratórias e longo histórico de condenações criminais.

Durante o protesto, Robinson exaltou o movimento MAGA, liderado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a quem chama de inspiração política. “Só existe um país que luta pela liberdade de expressão. É o Partido Republicano dos Estados Unidos. É J.D. Vance. É Donald Trump”, declarou.

A mobilização contou também com a presença virtual de Elon Musk. O bilionário, que readmitiu Robinson ao Twitter em 2022 após sua expulsão por discurso de ódio, discursou por videoconferência. Em tom alarmista, pregou a dissolução do Parlamento britânico e a derrubada do governo de Keir Starmer, além de afirmar: “Quer você escolha a violência ou não, a violência virá até você. Ou você luta ou morre.”

Robinson tem trajetória marcada por prisões por agressão, fraude e desacato, além de condenações por difamação — entre elas, por acusar falsamente um refugiado sírio. Sua retórica ecoa a chamada “teoria da grande substituição”, conspiratória e supremacista, que alerta para uma suposta ameaça à “raça branca” pela imigração.

Líder da Liga de Defesa Inglesa desde 2009, ele mobilizou hooligans para protestos violentos contra muçulmanos em várias cidades britânicas. Essa energia se repetiu no protesto em Londres, que mais lembrava um jogo de futebol do que um comício político. Bandeiras britânicas dominavam a cena, enquanto um grupo paralelo de cerca de cinco mil pessoas marchava em apoio aos imigrantes.

Apesar da dimensão inédita do ato, Robinson segue rejeitado pela elite política britânica. Até mesmo Nigel Farage, líder do partido de ultradireita Reforma, o considera extremista demais. Ignorando a falta de respaldo institucional, Robinson encerrou seu discurso em tom desafiador: “Nós surfamos na tempestade, resistimos à tempestade e hoje somos a tempestade.”