Foto: Gustavo Moreno/STF
Wednesday, 03 de September de 2025 - 12:30:22
Trama golpista: defesa de general Heleno chama Moraes de 'inquisidor' e menciona afastamento de Bolsonaro
DEFESA DE HELENO QUESTIONA MINISTRO MORAES E DISTANCIAMENTO DE BOLSONARO

No primeiro dia da sessão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), a defesa do ex-ministro e general Augusto Heleno apresentou seus argumentos, criticando a conduta do ministro relator Alexandre de Moraes e destacando o distanciamento do réu em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro. O advogado Matheus Mayer Milanez afirmou que houve dificuldades no acesso a provas disponibilizadas pela Polícia Federal e questionou os prazos para a defesa.

Segundo a defesa, Heleno se afastou de Bolsonaro após a entrada do ex-presidente no Centrão e sua filiação ao PL, perdendo influência junto à cúpula do governo. Depoimentos de ex-assessores e comandantes militares foram citados para comprovar que o general não exercia papel decisório nos eventos que motivaram a ação penal.

A defesa também contestou a relevância de uma caderneta apreendida pela Polícia Federal, utilizada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como prova de estudo sobre a estrutura legal de um possível golpe. Para os advogados, o material servia apenas como suporte de memória do general e não indicava participação em reuniões do governo relacionadas ao tema.

Heleno responde pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado. A defesa ressaltou que a menção a seu nome como integrante de um gabinete de crise não comprova envolvimento direto na trama, e que nenhum militar foi pressionado por ele.

Durante a sustentação, os advogados também questionaram a atuação de Moraes, afirmando que o ministro adotou postura inquisidora ao interrogar testemunhas sobre publicações que não constavam dos autos, levantando dúvidas sobre a imparcialidade do relator.

O julgamento prossegue nesta quarta-feira com as defesas de Jair Bolsonaro, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto. Cada advogado tem cerca de uma hora para expor seus argumentos, e a apresentação dos votos dos ministros pode ficar para a próxima semana. As sessões seguintes estão programadas para 9, 10 e 12 de setembro, e a deliberação sobre questões preliminares precederá a votação sobre absolvição ou condenação, definida por maioria.

Texto/Fonte: G1