O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, apresentou um pedido de ressarcimento de US$ 230 milhões (cerca de R$ 1,238 bilhão) ao Departamento de Justiça, alegando prejuízos decorrentes de investigações federais que o tinham como alvo durante a administração do democrata Joe Biden. O caso é considerado sem precedentes na história americana, segundo reportagem do jornal The New York Times.
Especialistas apontam dilemas éticos graves na situação, já que os funcionários do Departamento de Justiça responsáveis por analisar o pedido foram indicados por Trump ou aliados e, em alguns casos, atuaram como advogados de defesa do presidente antes de seu retorno à Casa Branca.
O pedido se refere a duas investigações conduzidas sob o governo Biden, incluindo suspeitas de interferência da Rússia nas eleições presidenciais de 2016. Todas as investigações foram encerradas após Trump reassumir a presidência.
Funcionários do Departamento de Justiça ouvidos pelo Times afirmam que Trump também acusa a pasta de perseguição em investigações sobre suposta manipulação indevida de documentos oficiais após deixar a Presidência.
O ex-presidente apresentou um requerimento administrativo, mecanismo que permite contestar decisões do governo e, caso não seja atendido, recorrer à Justiça. Trump comentou sobre o pedido em 15 de outubro, no Salão Oval, dizendo que estava avaliando como proceder: “Parece meio ruim, vou processar a mim mesmo, certo? Então, não sei. Mas foi um processo muito forte, muito poderoso”, declarou.
Especialistas em ética, como Bennett L. Gershman, da universidade Pace, classificam a situação como um conflito ético “básico e fundamental”, criticando que pessoas que reportam diretamente a Trump avaliem sua própria reivindicação.