A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus por tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. A pena aplicada a Bolsonaro foi de 27 anos e três meses de prisão. O julgamento, concluído nesta quinta-feira, contou com votos dos ministros Alexandre de Moraes (relator), Flávio Dino, Cármen Lúcia, Cristiano Zanin e Luiz Fux, este último divergindo em alguns pontos.

Entre os condenados estão Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin; Almir Garnier, ex-comandante da Marinha; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça; Augusto Heleno, ex-chefe do GSI; Mauro Cid, ex-ajudante de ordens e delator da trama; Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; e Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil. As penas definitivas ainda serão definidas, já que os ministros precisarão discutir a dosimetria.

A decisão provocou reação imediata nos Estados Unidos. O presidente Donald Trump, ao deixar a Casa Branca rumo a Nova York, comparou o caso aos processos que enfrentou. “Isso é muito parecido com o que tentaram fazer comigo. Eu conheci Bolsonaro como presidente do Brasil, é um homem muito correto, notável, e considero essa condenação algo terrível, muito ruim para o Brasil”, afirmou.

O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, foi ainda mais incisivo em sua rede social. Ele classificou o julgamento como “perseguição política” conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes e prometeu que os Estados Unidos “responderão de forma adequada a essa caça às bruxas”. O governo brasileiro rebateu dizendo que “ameaças como a feita hoje pelo Secretário de Estado não intimidarão a nossa democracia”.

A tensão entre Washington e Brasília já vinha escalando. Em julho, Trump enviou carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciando tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, alegando perseguição política a Bolsonaro como um dos motivos. Mais recentemente, a porta-voz Karoline Leavitt declarou que os EUA estão dispostos a “usar meios militares” para “proteger a liberdade de expressão no mundo”, referindo-se ao julgamento.

Apesar das declarações, Trump evitou anunciar novas sanções contra o Brasil. O caso, no entanto, adiciona mais pressão ao cenário diplomático e econômico, num momento em que a relação entre os dois países já está marcada por tarifas e ameaças.