O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quinta-feira (4) a imposição de uma tarifa de 25% sobre todos os produtos importados do Japão e da Coreia do Sul, com início previsto para 1º de agosto de 2025. A medida foi comunicada por meio de cartas enviadas ao primeiro-ministro japonês, Ishiba Shigeru, e ao presidente sul-coreano, Lee Jae-myung.

Nas mensagens, Trump afirma que a decisão busca corrigir o déficit comercial “significativo e persistente” dos EUA com esses países e apresenta a nova tarifa como um gesto de “força e compromisso” com os parceiros asiáticos. Ele também enfatiza que não haverá aplicação da tarifa caso empresas japonesas e sul-coreanas decidam instalar fábricas em território norte-americano.

Trump alerta ainda que, caso esses países reajam com aumentos tarifários, os valores adicionais serão incorporados aos 25% já anunciados. “Essas tarifas são necessárias para corrigir muitos anos de políticas tarifárias e barreiras comerciais que prejudicaram os Estados Unidos”, afirma o texto assinado por Trump.

A carta enviada aos dois líderes é praticamente idêntica e reforça a intenção da Casa Branca de renegociar os termos comerciais com base na reciprocidade. Trump também prometeu acelerar processos de licenciamento para empresas estrangeiras que se instalem nos EUA.

Com o anúncio, a chamada “trégua tarifária” — estabelecida após o tarifaço de abril — foi estendida por mais três semanas. A medida dá tempo para que acordos bilaterais sejam firmados antes da entrada em vigor das novas cobranças. Além de Japão e Coreia do Sul, países como Índia, Indonésia, Tailândia e Suíça também buscam apresentar concessões para evitar sobretaxas. A União Europeia tenta proteger setores estratégicos, como agricultura, tecnologia e aviação.

O presidente americano também intensificou sua retórica contra o Brics, bloco formado por países emergentes como Brasil, China, Rússia, Índia, África do Sul e outros. Trump criticou o que chamou de “políticas antiamericanas” do grupo e declarou que “não haverá exceções” à nova política tarifária, embora não tenha especificado quais países do Brics poderiam ser afetados.

Em resposta, o governo chinês criticou o uso de tarifas como ferramenta de pressão internacional, afirmando que “isso não serve a ninguém”. A Rússia também reagiu, com o porta-voz Dmitry Peskov ressaltando que a força do Brics está em sua busca por uma cooperação baseada em interesses mútuos e que o bloco “não se opõe a terceiros”. A África do Sul seguiu o mesmo tom, defendendo que o Brics trabalha por uma ordem global mais justa e representativa.

O Brasil, até a última atualização desta reportagem, não havia se pronunciado oficialmente sobre o posicionamento de Trump.