A operação da Polícia Federal contra fraudes no setor de mineração em Minas Gerais já resultou em 15 prisões, enquanto duas pessoas permanecem foragidas. Ao todo, a Justiça Federal expediu 17 mandados de prisão e determinou o bloqueio de bens no valor de R$ 1,5 bilhão.
As investigações começaram em 2020 e apontam que o grupo criminoso corrompeu integrantes de órgãos federais e estaduais, entre eles a Agência Nacional de Mineração (ANM), o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), a Fundação Estadual do Meio Ambiente de Minas (FEAM) e a Secretaria Estadual de Meio Ambiente. Segundo a PF, mais de R$ 3 milhões foram pagos em propinas, algumas delas em formato de “mesada” para garantir benefícios a empresas ligadas ao esquema.
Entre os principais presos está Alan Cavalcante do Nascimento, apontado como chefe da organização criminosa. Sócio da mineradora Gutesiht, ele é acusado de articular, junto a servidores e representantes de órgãos ambientais, processos fraudulentos de licenciamento.
Também foi detido Caio Mario Seabra, diretor da ANM desde 2020, cuja nomeação foi aprovada pelo Senado em 2023 com 48 votos favoráveis e 11 contrários. Especialista em direito ambiental, Seabra é um dos alvos centrais da investigação.
Outro envolvido é João Alberto Paixão Lages, sócio de Alan Cavalcante. Ele já foi suplente na Assembleia Legislativa de Minas e ocupou cargos no Ministério da Agricultura entre 2013 e 2014.
O delegado da Polícia Federal Rodrigo de Melo Teixeira também está entre os presos. Suspeito de ser sócio de uma mineradora ligada ao esquema, Teixeira tem histórico de atuação na segurança pública mineira e já comandou a Superintendência da PF no estado.
Foram detidos ainda Breno Esteves Lasmar, diretor-geral do Instituto Estadual de Florestas (IEF); Fernando Benício de Oliveira Paula, integrante do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam); e Fernando Baliani da Silva, diretor de Gestão Regional da Feam.
Além deles, a investigação envolve Helder Adriano de Freitas, sócio de Alan Cavalcante na Gutesiht, apontado como um dos articuladores para manipular processos de licenciamento ambiental.
A Agência Nacional de Mineração informou, em nota, que tomou conhecimento da operação apenas pela imprensa e que não recebeu comunicação oficial sobre medidas envolvendo seus servidores ou dirigentes. A ANM reiterou compromisso com a legalidade, a transparência e a colaboração com as autoridades, observando o devido processo legal e a continuidade dos serviços regulatórios.