Foto: Reprodução/TV Globo
Friday, 16 de May de 2025 - 17:00:55
Vendas de tadalafila crescem 20 vezes em uma década e revelam insegurança masculina
USO DE MEDICAMENTO PARA DISFUNÇÃO ERÉTIL CRESCE NO BRASIL

As vendas de medicamentos com tadalafila, usados no tratamento da disfunção erétil, saltaram de 3 milhões de unidades em 2015 para 64 milhões em 2024 no Brasil, segundo dados da Anvisa. A substância, conhecida como "tadala", vem sendo usada cada vez mais por jovens e adolescentes como recurso para melhorar a performance sexual — muitas vezes sem prescrição médica.

Embora o número de diagnósticos de disfunção erétil não acompanhe esse aumento, especialistas apontam que a popularização do medicamento nas redes sociais e na cultura pop — inclusive em músicas — impulsionou o consumo. O remédio é vendido sem retenção de receita, o que facilita o acesso.

Médicos alertam que a tadalafila não é viciante quimicamente, mas pode causar dependência emocional. Homens, especialmente mais jovens, estariam usando o remédio por insegurança, ansiedade ou medo de falhar, influenciados por padrões irreais de desempenho sexual. Isso pode comprometer o desenvolvimento de uma sexualidade saudável e gerar disfunção erétil verdadeira no futuro.

A psiquiatra Carmita Abdo e o urologista Eduardo Miranda explicam que a pressão por performance tem raízes sociais profundas — como o medo de comparação, a exposição nas redes e os novos papéis nas relações afetivo-sexuais. Ambos defendem que o uso inadequado da tadalafila mascara fragilidades emocionais e reforça padrões irreais de masculinidade.

Apesar de ser considerado seguro, o medicamento pode causar efeitos colaterais como dor de cabeça, congestão nasal, dores musculares e, em casos raros, problemas cardiovasculares, perda de audição ou visão. Médicos reforçam: o uso responsável, com orientação médica, é essencial — e a saúde sexual passa também pela mente.

Texto/Fonte: G1