Ao contrário da impressão comum de um único fruto, o abacaxi é, na verdade, uma infrutescência — um conjunto de até 200 frutas originadas de flores distintas que se fundem em um mesmo eixo. Cada planta produz de 50 a 200 flores em uma espiga central, e cada flor dá origem a um pequeno fruto, que se unem para formar o abacaxi que conhecemos, explica Davi Junghans, líder do programa de melhoramento genético da Embrapa Mandioca e Fruticultura.
A floração ocorre em sequência, começando pela base da espiga e avançando por cerca de três semanas até a coroa, no topo. Os frutos que se desenvolvem primeiro (perto da base) tendem a ser mais doces, já os do fim da espiga apresentam maior acidez.
Além da coroa — a muda mais famosa, que serve para propagar o abacaxi — a planta também produz três outros tipos de brotos: o filhote, que emerge junto ao caule; o rebentão, que aparece sob o solo; e o filhote-rebentão, que brota na base das folhas. Embora nem todas as mudas floresçam simultaneamente, elas garantem a multiplicação da planta sem necessidade de sementes.
Embora raro, o abacaxi com sementes existe, mas sua produção é pouco explorada comercialmente. Isso porque o plantio por meio de mudas clonais é mais rápido e uniforme. Além disso, para gerar sementes, é preciso cruzar duas variedades diferentes, já que a planta não se autofecunda.
O abacaxi é nativo da região que hoje corresponde ao Paraguai e ao Brasil, que ocupa o quarto lugar no ranking de produção mundial. O cultivo comercial teve início no início do século 20, em estados do Norte, Nordeste e Sudeste, e hoje ocorre em todas as unidades da federação, com o Pará liderando a produção. Do plantio à colheita, o ciclo completo leva cerca de 18 meses, resultado de um processo cuidadoso que une diversidade genética e técnicas agrícolas modernas.