A Coca-Cola informou que lançará, ainda neste outono no hemisfério norte, uma nova versão de sua bebida tradicional adoçada com açúcar de cana produzido nos Estados Unidos. A mudança ocorre após declarações públicas do presidente Donald Trump, que pressionava a empresa a abandonar o uso de xarope de milho, principal adoçante do refrigerante vendido nos EUA.
A empresa confirmou a novidade em seu relatório do segundo trimestre, classificando a iniciativa como parte de sua “agenda contínua de inovação”, voltada à ampliação da linha de produtos e à adaptação às preferências dos consumidores. “Essa adição foi desenvolvida para complementar o forte portfólio principal da empresa e oferecer mais opções para diferentes ocasiões e preferências”, afirmou a companhia.
Trump comemorou a decisão nas redes sociais, dizendo ter conversado com a Coca-Cola sobre o uso de “açúcar de cana de verdade” e que a empresa teria concordado com a proposta.
Contudo, especialistas apontam que os EUA não têm capacidade de suprir a demanda interna de açúcar apenas com produção doméstica. Segundo o analista da StoneX Brasil, Marcelo Di Bonifacio Filho, o país consome cerca de 11 milhões de toneladas por ano, mas só produz aproximadamente 8 milhões — o que gera a necessidade de importar entre 3 e 5 milhões de toneladas anualmente. O Brasil, maior produtor mundial, é atualmente o segundo maior fornecedor dos EUA, atrás apenas do México.
Apesar disso, a Coca-Cola declarou que a nova versão será feita exclusivamente com açúcar cultivado dentro dos próprios Estados Unidos.
O CEO da companhia, James Quincey, declarou à emissora NBC que a Coca-Cola já utiliza açúcar de cana em outras linhas de produtos, como chás, cafés e Vitamin Water. “Acredito que será uma opção duradoura para o consumidor”, disse ele. “Estamos definitivamente buscando usar todas as ferramentas disponíveis em termos de adoçantes, sempre que houver preferência do consumidor.”
A mudança ocorre em meio a um cenário de tensões comerciais alimentadas pelo chamado "tarifaço" de Trump, que vem impondo taxas de importação elevadas sobre diversos produtos estrangeiros, incluindo itens do agronegócio brasileiro, como carne bovina e açúcar.