Foto: NIAID/NIH
Monday, 23 de June de 2025 - 15:42:23
Bactéria geneticamente modificada converte plástico PET em paracetamol com baixo impacto ambiental
CIÊNCIA TRANSFORMA LIXO PLÁSTICO EM PRINCÍPIO ATIVO DE REMÉDIO

Pesquisadores da Universidade de Edimburgo, no Reino Unido, desenvolveram uma técnica inovadora que utiliza uma bactéria geneticamente modificada para transformar plástico PET — usado em garrafas e embalagens — no princípio ativo do paracetamol, um dos analgésicos mais consumidos mundialmente. O estudo foi publicado na revista "Nature Chemistry" e mostra que o processo ocorre em temperatura ambiente, com praticamente zero emissão de carbono e em menos de 24 horas.

A bactéria Escherichia coli foi modificada com genes de outras espécies, incluindo um cogumelo e uma bactéria do solo, para converter o ácido tereftálico, componente obtido ao quebrar o PET, no composto para-hidroxianilida, equivalente ao paracetamol puro. A transformação ocorre por fermentação, similar ao processo usado na fabricação de cerveja, e apresentou eficiência de conversão de cerca de 92% do material plástico.

Um destaque da pesquisa é a utilização da “reação de Lossen”, até então conhecida apenas em laboratórios sob condições rigorosas, que ocorre dentro da E. coli em ambiente aquoso e com a ajuda do fosfato presente no meio de cultura. Essa reação possibilita a formação de um intermediário químico essencial para a produção do paracetamol, sem necessidade de metais pesados, calor intenso ou catalisadores artificiais.

Embora a técnica tenha sido testada até agora apenas em pequena escala, os cientistas ressaltam a necessidade de aprimoramento para viabilizar a produção industrial, enfrentando desafios como a concentração do material e a adaptação do sistema a biorreatores maiores. O avanço representa um passo promissor para a reutilização sustentável de plástico descartável, com potencial para reduzir o lixo ambiental e a dependência de combustíveis fósseis na indústria farmacêutica.

Stephen Wallace, líder da pesquisa, destaca que o plástico PET pode deixar de ser apenas um resíduo para se tornar matéria-prima valiosa para a fabricação de medicamentos e outros produtos com impacto positivo na saúde pública e no meio ambiente.

Texto/Fonte: G1