Durante uma coletiva de imprensa no Senado nesta quinta-feira (18), o ex-presidente Jair Bolsonaro declarou que é alvo de uma “injustiça” e afirmou que seu filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), será preso caso retorne ao Brasil. Eduardo está nos Estados Unidos desde que se licenciou do mandato e, segundo o pai, não deve retornar.
“Se Eduardo vier para cá, ele está preso. Ou não está? Pelo que eu sei, ele não vem pra cá. Vai ser preso no aeroporto", afirmou Bolsonaro. Para o ex-presidente, o filho é “mais útil” nos Estados Unidos do que exercendo o mandato parlamentar no Brasil.
A declaração ocorre após a Procuradoria-Geral da República reiterar, na última segunda-feira (14), o pedido de condenação de Jair Bolsonaro pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. Eduardo, por sua vez, é investigado por supostamente tentar obstruir as investigações. De acordo com relatos da própria família, ele buscava influenciar o presidente Donald Trump a agir em favor de Jair Bolsonaro.
A licença de Eduardo Bolsonaro termina no próximo domingo (20). Caso ele não retorne e atinja um terço de faltas às sessões da Câmara, poderá perder o mandato.
Bolsonaro também comentou o tarifaço de 50% anunciado por Donald Trump contra produtos brasileiros, justificando que a medida estaria ligada à alegada perseguição sofrida por ele no Brasil. Para o ex-presidente, a decisão não compromete a soberania nacional. “Vamos supor que Trump queira anistia. É muito? É muito, se ele pedir isso aí? A anistia é algo privativo do parlamento. Não tem que ninguém ficar ameaçando tornar inconstitucional”, declarou.
Ainda durante a entrevista, Bolsonaro criticou as tratativas do governo brasileiro com a Casa Branca e elogiou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que buscou o corpo diplomático dos EUA para dialogar sobre as tarifas.
Apesar do apoio, Bolsonaro tentou amenizar o embate entre Tarcísio e Eduardo, que acusou o governador de agir com “subserviência às elites”. “Louvo Tarcísio por tentar negociar. Mas uma pessoa apenas não é suficiente. Tá na cara que ele [Trump] não vai ceder”, concluiu o ex-presidente.