O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu, nesta quinta-feira (7), a visita do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em sua residência em Brasília, onde cumpre prisão domiciliar determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
A chegada de Tarcísio ao condomínio ocorreu por volta das 14h25, em um carro preto. Ele não deu declarações à imprensa. O encontro foi autorizado previamente pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito que investiga a conduta de Bolsonaro em relação às redes sociais e à tentativa de incitar golpe de Estado.
Outros aliados do ex-presidente também devem se encontrar com ele nos próximos dias. Entre eles estão a vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão (PP), que solicitou a remarcação de sua visita a partir de domingo (10), e o deputado federal Luciano Zucco (PL-RS), líder da oposição na Câmara. Ambos receberam sinal verde do STF para realizarem as visitas.
A autorização de Moraes para que Bolsonaro receba visitas políticas ocorre em meio a um contexto de tensões institucionais. O ex-presidente foi alvo de medidas cautelares após usar, segundo o Supremo, canais de aliados para divulgar mensagens contra a Corte e a favor de uma intervenção militar.
A visita de Tarcísio, antigo aliado de Bolsonaro, marca uma tentativa de reaproximação. O governador de São Paulo foi alçado à política nacional justamente com o apoio do ex-presidente, que o nomeou ministro da Infraestrutura e impulsionou sua candidatura ao governo paulista em 2022. Desde então, Tarcísio tem mantido uma relação de fidelidade política, embora episódios recentes tenham provocado certo distanciamento.
Um desses episódios foi a polêmica em torno do “tarifaço” de 50% imposto pelo governo Donald Trump ao Brasil como forma de pressão pela anistia a Bolsonaro, medida que gerou desconforto no entorno do governador. A decisão do presidente americano provocou reações no Congresso brasileiro e foi vista como uma interferência direta nas investigações em curso no STF.
Apesar dessas tensões, Tarcísio continua sendo uma das principais figuras da direita brasileira e um dos nomes cotados para disputar a Presidência caso Bolsonaro fique inelegível. Nos bastidores, aliados acreditam que sua visita ao ex-presidente também tem valor simbólico e estratégico.
O ex-presidente, por sua vez, mantém apoio entre diversos parlamentares da oposição. Alguns deputados do PL têm articulado, inclusive, a retomada do debate sobre um projeto de anistia para Bolsonaro e para os condenados pelos ataques golpistas de 8 de janeiro.
A movimentação política em torno de Bolsonaro ocorre em paralelo a outras articulações em Brasília. O fim do foro privilegiado, por exemplo, passou a unir parlamentares governistas e bolsonaristas interessados em atrasar investigações sobre emendas e blindar aliados no Congresso.
A prisão domiciliar de Bolsonaro é apenas um dos desdobramentos do inquérito que também investiga o uso indevido de redes sociais por parte do ex-presidente e seus aliados para atacar as instituições democráticas.