O governo federal pretende negociar com a Organização das Nações Unidas (ONU) um aumento no valor dos repasses destinados a subsidiar a hospedagem das delegações internacionais que participarão da 30ª Conferência do Clima (COP 30), prevista para novembro, em Belém (PA). A informação foi dada nesta segunda-feira (4) por Valter Correia da Silva, secretário extraordinário para a COP 30.

Os valores são pagos a partir de um fundo fiduciário da ONU, que cobre custos de hospedagem para representantes de 144 países, especialmente os menos desenvolvidos. Segundo Correia, o cálculo da diária considera a cidade-sede do evento. No caso de Belém, o valor está abaixo de US$ 150, enquanto em centros mais tradicionais, como São Paulo e Rio de Janeiro, as diárias padrão são de US$ 234 e US$ 229, respectivamente.

“Belém não tem tradição em sediar eventos internacionais, o que reduz a base de cálculo. Estamos discutindo com a ONU a possibilidade de ampliar essa diária — talvez uma diária e meia ou duas — para facilitar a vinda das delegações”, explicou o secretário.

A expectativa do governo é de que cerca de 50 mil pessoas participem da COP 30, incluindo ao menos 100 chefes de Estado. Diante da magnitude do evento, a preparação da infraestrutura e da logística tem sido uma das prioridades.

Hospedagem e negociações com o setor hoteleiro

O governo brasileiro afirma que tem buscado parcerias com hotéis e imobiliárias para garantir acomodações em faixas de preço acessíveis. Segundo Correia, foram assegurados 2.500 quartos individuais, com valores entre US$ 100 e US$ 200, destinados prioritariamente a países insulares e de baixa renda.

Outros 15 quartos foram reservados para países em desenvolvimento, com preços na faixa de US$ 100 a US$ 200. Já os países com maiores delegações terão direito a 10 quartos com diárias entre US$ 200 e US$ 600. Todas as ofertas estão sendo organizadas por meio de uma plataforma oficial.

Apesar das críticas comuns sobre o custo da hospedagem em edições anteriores da conferência, o secretário assegura que Belém tem leitos suficientes. “Estamos trabalhando para manter os valores dentro de um padrão razoável, acessível a todos os participantes”, afirmou.

Infraestrutura, segurança e mobilidade

Além da hospedagem, a preparação da cidade inclui reforços logísticos, obras e ampliação da estrutura urbana. Correia destacou que a base aérea está sendo adaptada para receber aeronaves maiores e que as pistas estão sendo reformadas para suportar o fluxo de chefes de Estado.

Outras medidas envolvem reforço na segurança — com atuação das Forças Armadas, polícias e estruturas de defesa cibernética —, mobilidade urbana com a oferta de transporte gratuito para participantes, e um plano de saúde específico para atender os visitantes.

O Brasil considera estratégica a realização da COP 30 em Belém, tanto pela relevância da Amazônia no debate climático quanto pelo papel político do país nas negociações internacionais sobre meio ambiente.