O governo federal arrecadou mais de R$ 989 milhões em um leilão realizado nesta terça-feira (17) que ofertou 172 blocos para exploração de petróleo e gás em cinco bacias sedimentares brasileiras. Desse total, 34 áreas foram arrematadas, somando 28.359 km², segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP). A expectativa é de que as vencedoras invistam ao menos R$ 1,4 bilhão na fase inicial de exploração.
O destaque da rodada foi a Bacia da Foz do Amazonas, localizada na costa do Amapá e parte do Pará. Considerada uma “nova fronteira” energética e já apelidada de “novo pré-sal”, a região concentrou os maiores lances. Juntas, Petrobras, ExxonMobil, Chevron e a chinesa CNPC arremataram 19 dos 47 blocos ofertados nessa bacia, com investimento total de R$ 844 milhões.
A Petrobras, segundo a diretora-executiva Sylvia Anjos, conquistou todos os blocos que pretendia, concentrando seus esforços na Margem Equatorial, onde tenta obter licença do Ibama para perfurar o bloco FZA-M-59, na costa do Amapá.
O leilão distribuiu os blocos entre quatro bacias marítimas — Foz do Amazonas, Santos, Pelotas e Potiguar — e uma terrestre, a dos Parecis, nos estados de Mato Grosso e Rondônia. A bacia Potiguar, próxima a Fernando de Noronha, foi novamente ignorada pelas empresas, marcando a terceira tentativa frustrada da ANP em atrair lances para a região.
Das 332 áreas inicialmente disponíveis, apenas as 172 que receberam propostas ou garantias de oferta foram efetivamente leiloadas. Ao todo, 31 empresas estavam habilitadas para participar da rodada, incluindo gigantes do setor como Shell, ExxonMobil e Petrobras, além de companhias de países como França, Noruega, China, Catar e Austrália.
Apesar do interesse crescente do setor, as operações na Margem Equatorial têm gerado controvérsia. Ambientalistas e especialistas alertam para os riscos à biodiversidade marinha e criticam a pressão por licenças ambientais aceleradas. Ainda assim, o governo e a ANP defendem os investimentos como uma forma de impulsionar a geração de empregos e o desenvolvimento regional.
A expectativa oficial é de que a Margem Equatorial contenha reservas com potencial de até 10 bilhões de barris, segundo estimativa da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).