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Tuesday, 22 de July de 2025 - 16:38:57
Brasil mantém liderança global em energia renovável de baixo custo, aponta relatório da IRENA
ENERGIA LIMPA E COMPETITIVA

O Brasil segue se destacando no cenário energético mundial ao manter um dos custos mais baixos na geração de energia renovável, segundo relatório da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA). Com custo médio de US$ 30 por megawatt-hora (MWh) na energia eólica onshore, o país apresenta valores 32% abaixo da média global, consolidando-se como referência em competitividade no setor.

Além do baixo custo, o país registrou forte expansão em 2024, sendo o 4º maior em adição de capacidade renovável, atrás apenas de China, Estados Unidos e União Europeia. Foram quase 19 gigawatts de nova capacidade solar instalados no período. Atualmente, cerca de 88% da matriz elétrica brasileira é composta por fontes renováveis, e energia solar e eólica já respondem por quase um quarto da geração total.

Apesar do cenário promissor na produção, a realidade para o consumidor brasileiro é marcada por altos custos. A tarifa média de energia no país é de R$ 864 por MWh — mais de cinco vezes o valor praticado na Argentina —, revelando um paradoxo entre geração barata e consumo caro. Um dos principais gargalos apontados é a falta de infraestrutura para escoamento da energia gerada, especialmente no Nordeste, onde projetos sofrem cortes de até 50% por ausência de linhas de transmissão adequadas.

A IRENA destaca que os projetos renováveis adicionados globalmente em 2024 evitaram cerca de US$ 57 bilhões em gastos com combustíveis fósseis. Desde 2000, a economia acumulada ultrapassa US$ 400 bilhões, com o Brasil contribuindo significativamente graças à sua matriz limpa e políticas de estímulo, como os leilões com contratos de longo prazo (PPAs).

O setor movimentou mais de R$ 53 bilhões no Brasil no último ano e gerou cerca de 457 mil empregos, diretos e indiretos. A agência enfatiza, contudo, que o progresso não é garantido: será necessário investir em armazenamento, redes inteligentes e digitalização para garantir a estabilidade do sistema e ampliar a participação das fontes renováveis.

A publicação também alerta que, embora a energia solar e eólica sejam hoje mais baratas em grande parte do mundo — com médias globais de US$ 0,043/kWh e US$ 0,034/kWh, respectivamente —, fatores externos como tensões geopolíticas, fragilidade das cadeias de suprimento e tarifas comerciais podem impactar temporariamente os preços.

Para o diretor-geral da IRENA, Francesco La Camera, e o secretário-geral da ONU, António Guterres, o mundo caminha rumo a uma economia baseada em energia limpa, mas será fundamental que os líderes globais acelerem a remoção de barreiras, fortaleçam a confiança dos mercados e ampliem o financiamento. “As renováveis estão iluminando o caminho para um mundo com energia acessível, abundante e segura para todos”, afirmou Guterres.

Texto/Fonte: G1