As terras raras são um grupo de 17 elementos químicos, como praseodímio, disprósio e neodímio, essenciais para a tecnologia moderna e a estratégia militar. Apesar do nome, não são raras nem terras, sendo mais comuns que o ouro, mas geralmente aparecem em pequenas quantidades misturadas a outros minerais, tornando a extração e o refino complexos e caros. Para cada tonelada de minério extraído, cerca de 1 kg de terras raras é obtido.
Esses elementos são insubstituíveis na fabricação de smartphones, TVs, lâmpadas de LED e, principalmente, superímãs, usados em turbinas eólicas, veículos elétricos e equipamentos militares como aviões de caça, submarinos e drones. O valor de mercado é elevado: o quilo de neodímio e praseodímio custa cerca de 55 euros, enquanto o de térbio ultrapassa 850 euros.
A mineração de terras raras causa impactos ambientais significativos. A extração envolve remoção de grandes volumes de solo e uso de produtos químicos que podem contaminar rios e afetar comunidades locais. Em Baotou, na China, onde a exploração é intensa, lagoas de rejeitos tóxicos e altas taxas de câncer foram registradas.
No Brasil, a única produtora é a mineradora Serra Verde, em Minaçu (Goiás), que iniciou operações em janeiro de 2024. A empresa utiliza métodos menos poluentes, com lavra a céu aberto e gestão de resíduos por pilha seca. Apesar disso, o país não possui tecnologia em escala para processar as terras raras, exportando a matéria-prima bruta.
A China domina as reservas e a cadeia tecnológica de produção, do refino à fabricação de ímãs, garantindo vantagem estratégica e comercial. Outros países, como Estados Unidos, Ucrânia e Groenlândia, também atraem atenção geopolítica por suas reservas.
O Brasil detém a segunda maior reserva mundial, com 23% do total, mas precisa desenvolver capacidade tecnológica para agregar valor ao recurso. Segundo o Ministério de Minas e Energia, existe uma oportunidade histórica para criar uma indústria robusta de processamento, aproveitando a oferta de energia limpa e renovável.
A disputa pelas terras raras reflete uma nova arquitetura de poder global, substituindo o protagonismo do carvão e do petróleo por quem controla minerais críticos essenciais à tecnologia e defesa, com China, Brasil, Austrália, África do Sul e Congo como protagonistas dessa nova corrida estratégica.