Foto: Divulgação/Gabinete do Xerife do Condado de Mesa
Thursday, 26 de June de 2025 - 14:32:53
Brasileira denuncia discriminação linguística após passar 16 dias presa nos EUA
IMIGRAÇÃO E DIREITOS HUMANOS

A brasileira Caroline Dias Gonçalves, de 23 anos, que vive nos Estados Unidos desde os sete anos de idade, passou 16 dias detida em um centro de imigração no Colorado. Estudante de enfermagem na Universidade de Utah com bolsa do programa TheDream.US, Caroline foi presa em 5 de junho por agentes do ICE (serviço de imigração dos EUA) durante uma viagem ao Colorado para visitar amigos.

Em nota pública, ela relatou ter sido tratada com desprezo até perceberem que falava inglês fluentemente, momento em que teria recebido melhor tratamento. “No instante em que perceberam que eu falava inglês, tudo mudou. Começaram a me tratar melhor. Isso partiu meu coração, porque ninguém merece esse tipo de discriminação”, declarou.

A brasileira criticou as condições no centro de detenção em Aurora, citando alimentos molhados e falta de dignidade no tratamento. Caroline também afirmou que perdoa o agente que a prendeu: “Ele pediu desculpas, disse que queria me soltar, mas suas mãos estavam atadas”.

Segundo o ICE, Caroline estava nos EUA ilegalmente desde o vencimento do visto de turismo de sua família há mais de uma década. O Departamento de Segurança Interna rebateu as acusações de discriminação linguística, classificando-as como “categoricamente falsas”.

O advogado de Caroline, Jonathan Hyman, criticou a postura do governo e apontou irregularidades na abordagem policial inicial, feita por Alexander Zwinck, que questionou a origem da jovem — conduta proibida pela legislação do Colorado. A suspeita é que Zwinck compartilhou informações da brasileira com agentes do ICE por meio de um grupo policial no aplicativo Signal, voltado ao combate ao tráfico de drogas. Ele foi afastado enquanto o caso é investigado.

A prisão ocorreu em meio à política migratória mais rígida do segundo mandato de Donald Trump. Em junho, o número de imigrantes detidos nos EUA ultrapassava 51 mil, maior patamar desde 2019. Caroline não tem antecedentes criminais.

Agora em liberdade, a jovem segue lutando contra a deportação. “Imigrantes como eu só pedem uma chance justa de pertencer ao lugar que chamam de lar”, disse.

Texto/Fonte: G1